sábado, 26 de junho de 2010

Dia Internacional de Apoio às Vítimas de Tortura

Hoje é o Dia Internacional das Nações Unidas de Apoio às Vítimas da Tortura. Para quem, como eu, trabalha na área de comunicação de uma organização voltada para proteção e tratamento de vítimas de tortura, este é o dia mais importante do calendário anual de atividades profissionais.

Nas últimas semanas, repetindo o que tem acontecido todos os anos desde que comecei a trabalhar no Conselho Internacional para Reabilitação de Vítimas de Tortura (IRCT), meus colegas e eu trabalhamos dobrado para tentar fazer de hoje um dia para ser lembrado pelo maior número possível de pessoas. Acho que este ano, graças ao poder das mídias sociais, conseguimos transmitir nossa mensagem a um número maior de pessoas (dê uma olhada no facebook.com/worldwithouttorture e o bloggersunite.org/event/international-day-in-support-of-torture-victims)

Nos últimos dias, falei muito sobre as vítimas de tortura e hoje quero reverenciar aqueles que, apesar da experiência dilacerante e desesperadora pela qual passaram, não desistiram da vida e continuam tentando acreditar na humanidade.

sábado, 19 de junho de 2010

Dinamarca vence Camarões na noite clara de verão

Assisti ao jogo Dinamarca versus Camarões ao lado do meu marido, que é dinamarquês. No primeiro tempo só fiquei dando uma olhadinha de vez em quando na telinha. Para falar a verdade, não colocava muita fé no time vermelho e branco. Mas devo dizer que a boa atuação dinamarquesa me surpreendeu e acabei prestando mais atenção ao jogo no segundo tempo.

Até que tentei torcer para a Dinamarca, o que é um exercício um tanto quando desanimador. Quando o time fez o primeiro gol, fiquei esperando para ouvir gritos de júbilo ecoando pela cidade de Copenhague. Mas que nada. As ruas do bairro onde moro continuaram desertas, a noite clara de verão se manteve inalterada, pontilhada apenas pelo canto de um pássaro aqui, outro acolá e pelo som distante da autoestrada vizinha do quarteirão.

Aí veio o segundo gol da Dinamarca. Desta vez, pensei, a reação entusiasmada dos torcedores vai se fazer ouvir. Abri a janela da sala e esperei: um, dois, três, quatro, cinco e... nada. Decepção. De novo tudo calmo e plácido. Nenhum berro de alegria, nenhum fogo de artifício, nenhuma buzina. Que paz! Que tranquilidade! Enfim, que chatice!

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Papel indesejado

O que se diz a um amigo que você acabou de saber que está com câncer? Ontem fiquei sabendo que uma amiga está com câncer de mama. A notícia, claro, me entristeceu muito e também me fez passar o dia pensando sobre o que é certo e errado dizer para alguém que está para enfrentar os que provavelmente serão os piores meses da vida dela.

Não dá para enfeitar e diminuir a coisa. O tratamento contra o câncer é barra pesada. Mas, como também disse à minha amiga, é um período dificílimo que, felizmente na grande maioria dos casos, termina com bons resultados.

O que eu não disse a ela é que a operação para retirada do tumor é o primeiro de uma série de procedimentos e rotinas que vão nos colocando num papel ao qual muitas de nós não estamos habituadas: o papel de doente. Mesmo depois de findo o tratamento mais intensivo e mesmo contra nossa vontade, o papel que nos é imposto continua a nos perseguir.