terça-feira, 31 de agosto de 2010

Feijão cozido

FeijãoImage by marcelo träsel via Flickr(...) Um pensamento escapuliu: “Além disso, será que alguém ia querer comer um feijão congelado que havia sido cozido por uma pessoa morta?” (...)
Leia mais no https://blogadona.wordpress.com/2010/08/31/feijao-cozido/
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quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Caça ao macacão

Landscape in Denmark in December (waterhole in...Image via Wikipedia
Tentei ignorar, resistir, negar e fingir que não era comigo, mas agora não dá mais. O verão dinamarquês 2010 está acabando. A temperatura dos últimos dias, de 15 a 18 graus centígrados, mais uma ventania sem fim me obrigaram a encarar o fato de que, mais uma vez, como tem acontecido há 13 anos, o inverno vai voltar.

É duro aceitar mas é claro que vai voltar, eu sei. Não há mudança climática, aquecimento global ou o que quer que seja, que faça o inverno daqui se esquecer de aparecer de vez em quando. Mas eu todo ano não desisto e insisto na esperança de que, quem sabe, talvez um dia algum fenômeno estranho e inesperado aconteça e nos proteja daqueles meses frios, escuros e ventosos que chamam de inverno.

Leia mais no http://blogadona.wordpress.com/2010/08/25/caca-ao-macacao/ 
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domingo, 22 de agosto de 2010

Mudanças no Blogadona

Já há muito tempo venho planejando colocar aqui no blog alguns textos de ficção que me atrevo a escrever de vez em quando. Também em função desses textos, decidi que aos poucos irei mudando o Blogadona do Blogspot para o Wordpress, onde acho que terei mais recursos para a organização do blog em diversas seções.
Estarei colocando tais textos sob a categoria ”Terceira”.

Os textos completos só serão publicados no Wordpress, enquanto o Blogspot terá um texto introdutório ligado ao texto integral.

O primeiro texto da série ”Terceira” estará num dos próximos ”postings” do Blogadona. Espero que curtam.

Descoberta no quintal

Blackcurrants shrubImage via WikipediaUm dias desses cometi uma pequena besteira aqui no blog. Escrevi que tinha dois pés de mirtilo (“blåbær”, em dinamarquês) no quintal aqui de casa. Depois me lembrei que quando decidimos plantar mais árvores e arbustos frutíferos no quintal, chegamos a cogitar plantar mirtilo mas desistimos porque o cultivo do mirtilo requer um solo com pH ácido. Isso exigiria que corrigíssemos o solo e, como aqui em casa somos jardineiros adeptos da lei do mínimo esforço, desistimos do mirtilo e optamos por uma outra fruta, a “solbær” (é assim mesmo que se escreve, com o “a” grudado no “e”, o que dá um som parecido com “é”) que teria mais chances de se adaptar ao solo daqui.

Então, na verdade, o que temos no jardim é a tal da “solbær” e, como meu vocabulário de frutas em dinamarquês não é dos mais ricos, lá fui eu ao Google translate e depois ao Aurélio para conferir o que significa “solbær” em português. E aí veio a surpresa. “Solbær” é a velha, conhecida e familiar groselha. Descobrir que “solbær” é groselha me deu uma alegria de criança porque me remeteu aos meus tempos de menina quando groselha era o nome de uma fruta exótica, de um país distante, provavelmente de clima frio, da qual se fazia um xarope avermelhado usado para preparar refrescos deliciosos que meus pais sempre compravam para alegrar nossas tardes de domingo.

Eu adorava aqueles refrescos, embora desconfie que pouco ou nada tinham da fruta groselha e que provavelmente eram o resultado de uma mistura de açúcar e corantes artificiais. Corantes, aliás, que davam ao refresco aquela cor maravilhosa, um vermelho roseado que tingia nossas línguas. Deliciosos também eram os picolés de groselha que praticamente batiam à nossa porta trazidos pelos vendedores ambulantes.
Já há anos que de vez em quando bebo refresco de “solbær” aqui na Dinamarca sem saber que na verdade eu estava mesmo era saboreando refresco de groselha. Agora, depois de feita a tradução, posso comemorar a sorte de ter duas groselheiras no quintal.

P.S.: Passeando pela internet, descobri que o Ivan Lessa também é fã da groselha
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terça-feira, 17 de agosto de 2010

Brasília irreconhecível

Nas minhas últimas férias em Brasília, houve momentos em que, sendo levada de carro por uma de minhas irmãs de um bairro para outro, percebi que não sabia onde estava. A cidade onde nasci, que conhecia como a palma da minha mão, está se transformando de forma tão rápida e desenfreada, que está ficando irreconhecível.

Quando falo de uma Brasília irreconhecível não me refiro apenas à Brasília planejada dos cartões postais, aquela do Plano Piloto em forma de avião, onde estão as belas sedes do legislativo, executivo e judiciário. A minha Brasília é aquela que inadvertidamente escapuliu dos desenhos dos urbanistas e arquitetos que planejaram a cidade e que também inclui as chamadas cidades satélites e os remanescentes de áreas naturais que sobreviveram às quatro primeiras décadas da cidade mas que agora estão sucumbindo à explosão populacional.

Há pessoas que acham que tanta mudança é uma consequência inevitável do desenvolvimento e crescimento da cidade, mas eu não consigo pensar da mesma forma. Quando passo pela estrada que liga Taguatinga, onde minha mãe mora, ao Plano Piloto, onde estão a sede do executivo, do legislativo e do judiciário do país, não consigo deixar de me assustar com mudanças na paisagem que para mim são aberrações da falta de planejamento e do oportunismo político. De um lado está o bairro hoje chamado Vicente Pires onde antes havia uma colônia agrícola com 358 chácaras e áreas com vegetação natural do cerrado. Em 1997, os chacareiros começaram a parcelas seus terrenos e vender lotes para residência. O governo não freou a venda ilegal e o resultado é que 13 anos depois o setor tem 70.000 habitantes. Toda a área está tomada por condomínios particulares e, depois de anos de ocupação irregular do solo, o então governador José Roberto Arruda resolveu criar oficialmente o bairro Vicente Pires. Em outras palavras, premiou aqueles que ocuparam burlaram as leis para conseguir um lugar para morar. Lá, segundo uma reportagem do Correio Braziliense há 12,000 obras irregulares e “cerca de 500 casas estão à beira de córregos ou em áreas com solo de vereda”. Ouvi o relato de uma pessoa cujo vizinho tem uma mina de água brotando nos fundos do quintal dele.

Do outro lado da estrada está Águas Claras, um bairro que me faz lembrar São Paulo tantos são os espigões que preenchem mais e mais a paisagem. Inicialmente previsto para abrigar prédios de 12 a 16 andares, o bairro teve seu planejamento modificado e o limite na altura dos prédios não existe mais. Resultado, a população do lugar, que deveria ser de no máximo 160.000 habitantes, chegou a 110.000 habitantes em 2008. Segundo Paulo Zimbres, o arquiteto responsável pelo plano inicial do bairro numa entrevista à Casa Abril, hoje a população de Águas Claras estaria beirando os 300.000 habitantes. Como o bairro ainda não está totalmente concluído e tem quase 100 prédios em construção, o número de habitantes vai aumentar ainda mais.

É natural que Brasília cresça. Seria injusto tentar congelar seu crescimento. A cidade não é uma ilha e, se fosse, seria “invadida” por mar por brasileiros em busca de uma vida melhor e direitos básicos como saúde e educação. Mas a forma como o crescimento da cidade está acontecendo me parece descabida, sem qualquer consideração ambiental ou preocupação com a qualidade de vida dos moradores no futuro.

Temo a profecia do respeitado urbanista e professor Aldo Paviano de que em alguns anos Brasília estará completamente coberta por ruas, calçadas e construções escondendo o belo solo vermelho do cerrado. Ele inclusive se questiona o por quê de se criar tantos bairros novos ao invés de se ampliar os bairros já existentes aproveitando a estrutura que eles já possuem.

Por isso tudo, comemorei sozinha aqui de Copenhague a impugnação da candidatura de Joaquim Roriz ao governo do Distrito Federal. Para mim, ele é um dos grandes responsáveis pelo processo de degradação de Brasília. Em seus quatro mandatos como governador, ele criou seis cidades-satélites e distribuiu milhares de lotes, estimulando ainda mais a migração desenfreada para o Distrito Federal e se esquecendo, por exemplo, de trabalhar pela geração de empregos e das consequências ambientais de sua administração irresponsável.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Choque úmido

Bycicle manImage by mickiky via Flickr
Depois de passar quase quatro semanas em Brasília, o mais difícil no retorno a Copenhague não têm sido a correria no trabalho nem a diferença de fuso horário, mas sim a umidade do ar. Saír de Brasília com a umidade relativa do ar beirando os 10% e encontrei uma Copenhague com temperaturas agradabilíssimas, por volta dos 22 °C, mas com umidade carioca. Hoje, no aeroporto de Copenhague, a umidade chegou a 96%.

Com tanta umidade, é difícil manter a elegância depois de pedalar sete quilômetros para na chegada ao trabalho. O jeito tem sido ir direto para a toilette e me dar um ”banho de gato” para limpar o suor do rosto.

Mas não tenho do que reclamar. Adoro minhas pedaladas e elas são uma dos hábitos diários que mais sinto falta quando estou em férias no Brasil.
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Dois meses de neratinib

É hora de dar um pequeno relatório sobre minha experiência com o neratinib. Tenho escrito pouco sobre o assunto porque, na verdade, não há muito o que contar. Faz pouco mais de dois meses que comecei a tomar o medicamento experimental e até agora não percebi nenhum efeito colateral.

Eu estava quase certa de que a razão para a falta de efeitos adversos era uma só: eu deveria está no grupo de controle e estar recebendo um placebo. Mas quando estive no hospital para uma primeira consulta de controle depois de um mês de uso do neratinib, fui informada pela enfermeira que acompanha meu caso que eu não era a única a não ter sentido efeitos colaterais com o medicamento. Nenhuma das outras mulheres participando do ensaio se queixou de efeitos colaterais. Então tive de rever minha convicção de que estou no grupo tomando o placebo. De qualquer maneira o fato de nenhuma paciente estar sofrendo efeitos colaterais é sem dúvida uma ótima notícia.

domingo, 8 de agosto de 2010

De volta das férias

O tomateiro do meu jardimImage by Roberta
Smania
via Flickr
De volta de quase quatro semanas de férias em Brasília e, finalmente, de volta ao blog. Menos de 24 horas depois de aterrissar em Copenhague já havia perdido minhas unhas de manicure pintadas com um esmaltezinho marrom claro discreto e elegante. Havia bastante trabalho para ser feito urgentemente no jardim, para onde fui cumprir minha primeiríssima tarefa: combater ferozmente as ervas daninhas e lagartas que ameaçavam, e ainda ameaçam, tomar conta dos canteiros.


A segunda tarefa foi remover as flores murchas e galhos velhos das roseiras para garantir que elas floresçam pelo menos mais uma vez antes do inverno. Também capinei um pouco, podei alguns arbustos, eliminei lançamentos laterais dos tomateiros e lamentei o estado moribundo dos pés de couve, atacados pelas lagartas.

Constatei que a nossa produção caseira de frutas vai ser bem mixuruca este ano: as poucas frutas dos dois pés de groselha sumiram, como já havia acontecido com as poucas dezenas de frutas da cerejeira. No ano que vem teremos de providenciar redes para cobrir as frutíferas e assim evitar que os pássaros façam banquetes com nossas frutas. Uma das macieiras, que produz uma das maçãs mais gostosas que já comi, também não está colaborando. Só tem uma frutinha aqui e outra acolá, o que vai decepcionar meus colegas de trabalho, já habituados a se deliciar com as maçãs que levo para o escritório todo fim de verão. A esperança é que a ameixeira, carregada de frutos ainda verdes, não decepcione. Mas para isso terei de ficar de olho nos insetos e pássaros de plantão.

Enquanto trabalhava com as roseiras e admirava as flores anuais alaranjadas, amarelas e brancas que esta semana dominam o canteiro nos fundos da casa, percebi o quanto havia sentido falta daquele jardim e me esqueci completamente do esmalte já descascado e das unhas sujas de terra.
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