sexta-feira, 5 de março de 2010

Contra a maré

Uma organização de estudos sociais e econômicos mantida pelos sindicatos (Arbejderbevægelsens Erhvervsråd - AE) acaba de publicar um estudo que mostraria que, em 2007, 200.000 dinamarqueses, numa população de pouco mais de 5 milhões de pessoas, vivem na pobreza, definida de acordo com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD, em inglês), segundo a qual pobres são aqueles com renda abaixo de metade da renda média do país.  De acordo com o estudo do AE, o mais alarmante é que o número de pobres na Dinamarca cresceu 50 por cento no período que vai de 2001 a 2007 e não há nada que indique que a tendência se reverteu nos últimos dois anos, marcados por crise econômica e aumento do desemprego.

Muitos, inclusive o governo, contestam os números do AE, dizendo que o conceito de pobreza relativa da OECD é simplista e enganoso pois não dá uma imagem muito clara da realidade. Afinal, que pobre do Brasil não gostaria de viver com 8.400 coroas (cerca de 2.800 reais) por mês, que equivalem a metade da renda média dos dinamarqueses? Outra crítica é de que, em tempos de crescimento econômico, como foi o período 2001-2007, a renda total cresce e, consequentemente, a média da renda também, o que acaba colocando mais gente abaixo da linha da pobreza, mesmo que a a renda real dessas pessoas tenha se mantido inalterada.

Sem dúvida, pobreza, como medida pela AE, parece luxo na parte pobre do mundo e até no Brasil onde o salário mínimo é de apenas 1.500 coroas. Mas, não dá para negar que, se não mede a pobreza de forma precisa, o estudo da AE mostra, no mínimo, que a desigualdade social na Dinamarca está aumentando. O que, na minha opinião, não deixa de ser lamentável, ainda mais quando lembramos que 2010 é o Ano Europeu de Luta contra a Pobreza e a Exclusão Social.

2 comentários:

Maria Lucia Zulzke disse...

Lendo a questão dos "dinamarqueses pobres", ocorreu-me que, se fosse voluntária a imigração, a Dinamarca garantiria a todos os que recebem o valor de 50%da média de renda lá, a mesma renda aqui no Brasil, caso concordassem é claro e as pessoas tivessem ocupação garantida - campo, construção civil, transporte etc. Viveriam com mais folga no Brasil, desde que se adaptassem à nossa cultura. Promover uma expatriação experimental de cidadãos. O Brasil,por sua vez, enviaria igual número para a Dinamarca, contingente de trabalhadores brasileiros. Um intercâmbio por faixa de renda, uma nova forma de propor a mobilidade geográfica e econômica entre os países.Uma nova forma de aproximar culturas. abraços, continuo te acompanhando! Maria Lucia

Margareth Marmori disse...

Uau, Lúcia. Livre pensar, é só pensar, como diria o Millor. Obrigada por continuar me acompanhando.