segunda-feira, 29 de junho de 2009

Seleção de todos os brasileiros

Que legal a vitória do Brasil na Copa das Confederações na África do Sul mas não posso deixar de registrar um constrangimento: a mancada do Kaka e, principalmente, do capitão Lúcio expondo suas preferências religiosas em camisetas sobre o uniforme do Brasil, como descreve o blog do Plínio Bortolotti.

Esse tipo de comportamento é uma afronta a todos os brasileiros não cristãos e ao público internacional que não compartilha da mesma crença ou que ligou a televisão para ver futebol e não para assistir proselitismo religioso.

Daqui da Dinamarca, fiquei envergonhada por tal comportamento. Quando vejo os conflitos religiosos na Europa, costumo me sentir orgulhosa de vir de um país onde a liberdade religiosa impera. Mas o comportamento dos jogadores dá uma impressão completamente errada da sociedade brasileira.

A propósito, o fato gerou notícia num dos maiores jornais da Dinamarca. Confira o link http://politiken.dk/sport/fodbold/article742698.ece do artigo entitulado “Estrelas do futebol fazem propaganda cristã” (Fodboldstjerner reklamerer for kristendommen). Na minha opinião, as fotos são constrangedoras.

Só espero que esse tipo de comportamento não acabe criando antipatia pelo time brasileiro que, normalmente, é recebido com carinho e admiração por povos de todas as crenças.

Sinceramente, acho que os dois jogadores deveriam ser advertidos.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Irã

Estou acompanhando com tristeza, apreensão e um pouco de esperança os acontecimentos no Irã. Ah, como seria bom se a democracia vencesse.

Lembrete linfático

Hoje percebi que o que mais me aborrece em relação ao linfedema é sua visibilidade. A braçadeira que preciso usar quase diariamente torna o problema desagradavelmente visível e volta e meio tenho de responder a perguntas de pessoas, a maioria bem intencionada, que involuntariamente me relembram o motivo inicial do linfedema: o câncer de mama.

O linfedema é a sequela que mais frequentemente me faz lembrar que ainda sou uma paciente de câncer. É também o que mais me obriga a encarar a realidade de que nunca mais serei aquela que fui antes do câncer. Os dias me trazem inúmeros lembretes dessa realidade: de manhã cedo ao vestir a braçadeira, mais tarde brincando com a minha filha, na hora de pegar a sacola pesada de compras do supermercado, quando vou molhar as plantas com o regador cheio d'água, etc.

Afora essa visibilidade, até que estou vivendo bem com esse meu novo mal. Uso a braçadeira e me massageio e de de vez em quando vou à fisioterapeuta, uma moça tão doce a simpática que eu gostaria de rever mesmo que não precisasse do tratamento.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Pólen

Para mim, mês de junho no Brasil é mês de festa junina com batata doce assada na fogueira, curau e canjica. Na Dinamarca, para mim deveria ser o início do verão, com noites claras até as dez da noite e temperaturas mais amenas. Mas, pobre de mim, junho também é mês de coceira insuportável na garganta, ouvidos, lábios e olhos, espirros, e nariz escorrendo. É mês de alergia a pólen de grama, algo que tive o desprazer de conhecer já no meu primeiro verão na Dinamarca, em 1998.

Este começo de verão não está sendo diferente daqueles que passaram. E o inferno alérgico só vai passar quando o pólen de grama parar de infestar o ar daqui, ou seja, daqui a duas ou três semanas.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Que triste a tragédia do vôo 447 da Air France.

Folga real

Permitam-me continuar escrevendo sobre meu rebentos plebeus de indignação com a monarquia dinamarquesa. Minha pequena irritação com as agendas, calendários e folhinhas de geladeira se renovou depois que li uma matéria no jornal Politiken sobre o novo livro da jornalista Trine Villemann, “O Rei e a Rainha da Groenlândia” (Kongen og dronningen af Grønland).

O livro lançado três semanas atrás pode não ser o livro de cabeceira da princesa Mary e seu marido, o príncipe herdeiro Frederik, mas deve certamente estar dando uma boa dor de cabeça ao casal. Na matéria, Trine conta que, de acordo com o calendário oficial de Frederik, em abril ele teve um duro mês de trabalho, com 24 dias de folga e 6 (seis!) dias de trabalho. Detalhe: num dos seis dias de trabalho do príncipe, ele se ocupou do aniversário da filha Isabella. Ôo vida dura, meu Deus.

No livro, a jornalista diz que, embora a lei orçamentária do governo dinamarquês tenha reservado “apenas” 93 milhões de coroas (cerca de R$ 35 milhões de coroas dinamarquesas, em 2 de junho/2009) à família real em 2009, os gastos totais com a realeza devem ser bem maiores e podem chegar a 250 milhões de coroas só este ano. Isso porque a verba explicitamente destinada aos de sangue azul não inclui, por exemplo, as despesas que o Ministério da Defesa dinamarquês tem com a família real. É o Ministério da Defesa que mantém o navio real “Dannebrog” navegando de abril a setembro com a família real a bordo.

A jornalista, que apesar do livro se proclama monarquista, quer que as contas da realeza sejam abertas para que o povo dinamarquês saiba como os de sangue azul estão usando o dinheiro que recebem dos pagadores de impostos. Ninguém, nem mesmo o órgão daqui que fiscaliza as contas do governo, tem acesso às contas da família real que, aliás, também não paga um centavo de imposto sobre os milhões que recebe dos desprovidos de sangue azul. Outro detalhe importante: o desconto de imposto na fonte é de cerca de 40% para todos os dinamarqueses, embora os que recebem salários mais altos paguem bem mais do que isso.