Levei quase 40 anos e uma mudança de país para descobrir o nome das flores brancas e cores-de-rosa que eu colhia no caminho que me levava à chácara da minha avó materna, a Dona Ozita. As flores eram sempre bom motivo para uma parada estratégica no caminho que fazíamos da casa dos meus pais, na Vila Matias, ao final da Vila Dimas, onde ficava a chácara.
Leia mais: http://blogadona.wordpress.com/2010/11/23/flores-sem-nome/
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terça-feira, 23 de novembro de 2010
terça-feira, 17 de agosto de 2010
Brasília irreconhecível
Nas minhas últimas férias em Brasília, houve momentos em que, sendo levada de carro por uma de minhas irmãs de um bairro para outro, percebi que não sabia onde estava. A cidade onde nasci, que conhecia como a palma da minha mão, está se transformando de forma tão rápida e desenfreada, que está ficando irreconhecível.
Quando falo de uma Brasília irreconhecível não me refiro apenas à Brasília planejada dos cartões postais, aquela do Plano Piloto em forma de avião, onde estão as belas sedes do legislativo, executivo e judiciário. A minha Brasília é aquela que inadvertidamente escapuliu dos desenhos dos urbanistas e arquitetos que planejaram a cidade e que também inclui as chamadas cidades satélites e os remanescentes de áreas naturais que sobreviveram às quatro primeiras décadas da cidade mas que agora estão sucumbindo à explosão populacional.
Há pessoas que acham que tanta mudança é uma consequência inevitável do desenvolvimento e crescimento da cidade, mas eu não consigo pensar da mesma forma. Quando passo pela estrada que liga Taguatinga, onde minha mãe mora, ao Plano Piloto, onde estão a sede do executivo, do legislativo e do judiciário do país, não consigo deixar de me assustar com mudanças na paisagem que para mim são aberrações da falta de planejamento e do oportunismo político. De um lado está o bairro hoje chamado Vicente Pires onde antes havia uma colônia agrícola com 358 chácaras e áreas com vegetação natural do cerrado. Em 1997, os chacareiros começaram a parcelas seus terrenos e vender lotes para residência. O governo não freou a venda ilegal e o resultado é que 13 anos depois o setor tem 70.000 habitantes. Toda a área está tomada por condomínios particulares e, depois de anos de ocupação irregular do solo, o então governador José Roberto Arruda resolveu criar oficialmente o bairro Vicente Pires. Em outras palavras, premiou aqueles que ocuparam burlaram as leis para conseguir um lugar para morar. Lá, segundo uma reportagem do Correio Braziliense há 12,000 obras irregulares e “cerca de 500 casas estão à beira de córregos ou em áreas com solo de vereda”. Ouvi o relato de uma pessoa cujo vizinho tem uma mina de água brotando nos fundos do quintal dele.
Do outro lado da estrada está Águas Claras, um bairro que me faz lembrar São Paulo tantos são os espigões que preenchem mais e mais a paisagem. Inicialmente previsto para abrigar prédios de 12 a 16 andares, o bairro teve seu planejamento modificado e o limite na altura dos prédios não existe mais. Resultado, a população do lugar, que deveria ser de no máximo 160.000 habitantes, chegou a 110.000 habitantes em 2008. Segundo Paulo Zimbres, o arquiteto responsável pelo plano inicial do bairro numa entrevista à Casa Abril, hoje a população de Águas Claras estaria beirando os 300.000 habitantes. Como o bairro ainda não está totalmente concluído e tem quase 100 prédios em construção, o número de habitantes vai aumentar ainda mais.
É natural que Brasília cresça. Seria injusto tentar congelar seu crescimento. A cidade não é uma ilha e, se fosse, seria “invadida” por mar por brasileiros em busca de uma vida melhor e direitos básicos como saúde e educação. Mas a forma como o crescimento da cidade está acontecendo me parece descabida, sem qualquer consideração ambiental ou preocupação com a qualidade de vida dos moradores no futuro.
Temo a profecia do respeitado urbanista e professor Aldo Paviano de que em alguns anos Brasília estará completamente coberta por ruas, calçadas e construções escondendo o belo solo vermelho do cerrado. Ele inclusive se questiona o por quê de se criar tantos bairros novos ao invés de se ampliar os bairros já existentes aproveitando a estrutura que eles já possuem.
Por isso tudo, comemorei sozinha aqui de Copenhague a impugnação da candidatura de Joaquim Roriz ao governo do Distrito Federal. Para mim, ele é um dos grandes responsáveis pelo processo de degradação de Brasília. Em seus quatro mandatos como governador, ele criou seis cidades-satélites e distribuiu milhares de lotes, estimulando ainda mais a migração desenfreada para o Distrito Federal e se esquecendo, por exemplo, de trabalhar pela geração de empregos e das consequências ambientais de sua administração irresponsável.
Quando falo de uma Brasília irreconhecível não me refiro apenas à Brasília planejada dos cartões postais, aquela do Plano Piloto em forma de avião, onde estão as belas sedes do legislativo, executivo e judiciário. A minha Brasília é aquela que inadvertidamente escapuliu dos desenhos dos urbanistas e arquitetos que planejaram a cidade e que também inclui as chamadas cidades satélites e os remanescentes de áreas naturais que sobreviveram às quatro primeiras décadas da cidade mas que agora estão sucumbindo à explosão populacional.
Há pessoas que acham que tanta mudança é uma consequência inevitável do desenvolvimento e crescimento da cidade, mas eu não consigo pensar da mesma forma. Quando passo pela estrada que liga Taguatinga, onde minha mãe mora, ao Plano Piloto, onde estão a sede do executivo, do legislativo e do judiciário do país, não consigo deixar de me assustar com mudanças na paisagem que para mim são aberrações da falta de planejamento e do oportunismo político. De um lado está o bairro hoje chamado Vicente Pires onde antes havia uma colônia agrícola com 358 chácaras e áreas com vegetação natural do cerrado. Em 1997, os chacareiros começaram a parcelas seus terrenos e vender lotes para residência. O governo não freou a venda ilegal e o resultado é que 13 anos depois o setor tem 70.000 habitantes. Toda a área está tomada por condomínios particulares e, depois de anos de ocupação irregular do solo, o então governador José Roberto Arruda resolveu criar oficialmente o bairro Vicente Pires. Em outras palavras, premiou aqueles que ocuparam burlaram as leis para conseguir um lugar para morar. Lá, segundo uma reportagem do Correio Braziliense há 12,000 obras irregulares e “cerca de 500 casas estão à beira de córregos ou em áreas com solo de vereda”. Ouvi o relato de uma pessoa cujo vizinho tem uma mina de água brotando nos fundos do quintal dele.
Do outro lado da estrada está Águas Claras, um bairro que me faz lembrar São Paulo tantos são os espigões que preenchem mais e mais a paisagem. Inicialmente previsto para abrigar prédios de 12 a 16 andares, o bairro teve seu planejamento modificado e o limite na altura dos prédios não existe mais. Resultado, a população do lugar, que deveria ser de no máximo 160.000 habitantes, chegou a 110.000 habitantes em 2008. Segundo Paulo Zimbres, o arquiteto responsável pelo plano inicial do bairro numa entrevista à Casa Abril, hoje a população de Águas Claras estaria beirando os 300.000 habitantes. Como o bairro ainda não está totalmente concluído e tem quase 100 prédios em construção, o número de habitantes vai aumentar ainda mais.
É natural que Brasília cresça. Seria injusto tentar congelar seu crescimento. A cidade não é uma ilha e, se fosse, seria “invadida” por mar por brasileiros em busca de uma vida melhor e direitos básicos como saúde e educação. Mas a forma como o crescimento da cidade está acontecendo me parece descabida, sem qualquer consideração ambiental ou preocupação com a qualidade de vida dos moradores no futuro.
Temo a profecia do respeitado urbanista e professor Aldo Paviano de que em alguns anos Brasília estará completamente coberta por ruas, calçadas e construções escondendo o belo solo vermelho do cerrado. Ele inclusive se questiona o por quê de se criar tantos bairros novos ao invés de se ampliar os bairros já existentes aproveitando a estrutura que eles já possuem.
Por isso tudo, comemorei sozinha aqui de Copenhague a impugnação da candidatura de Joaquim Roriz ao governo do Distrito Federal. Para mim, ele é um dos grandes responsáveis pelo processo de degradação de Brasília. Em seus quatro mandatos como governador, ele criou seis cidades-satélites e distribuiu milhares de lotes, estimulando ainda mais a migração desenfreada para o Distrito Federal e se esquecendo, por exemplo, de trabalhar pela geração de empregos e das consequências ambientais de sua administração irresponsável.
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
Choque úmido

Com tanta umidade, é difícil manter a elegância depois de pedalar sete quilômetros para na chegada ao trabalho. O jeito tem sido ir direto para a toilette e me dar um ”banho de gato” para limpar o suor do rosto.
Mas não tenho do que reclamar. Adoro minhas pedaladas e elas são uma dos hábitos diários que mais sinto falta quando estou em férias no Brasil.
quarta-feira, 21 de abril de 2010
Brasília 50 anos
A cidade onde nasci, Brasília, faz 50 anos hoje. A neve que caiu hoje em Copenhague , em pleno mês de abril, fez a saudade do céu quase sempre azul da minha cidade natal aumentar.
Ontem, jornal dinamarquês Politiken publicou artigo de página inteira na capa do caderno de cultura sobre Brasília. O assunto principal da matéria foi, como era de se esperar, a arquitetura da cidade. Mas o artigo lembrou também a onda de escândalos que nublou o ânimo de quem pretendia comemorar o aniversário da capital brasileira. O autor da reportagem, o jornalista Henrik Jönsson, classificou a cidade como a mais corrupta do país. No artigo ele não revela os dados em que se baseou para fazer tal afirmação, mas fica difícil contestá-lo diante da roubalheira no governo local que veio à tona nos últimos meses. E, pelo bem dos brasileiros, torço mesmo para que não exista um lugar no Brasil que seja mais corrupto do que Brasília é agora.
Ontem, jornal dinamarquês Politiken publicou artigo de página inteira na capa do caderno de cultura sobre Brasília. O assunto principal da matéria foi, como era de se esperar, a arquitetura da cidade. Mas o artigo lembrou também a onda de escândalos que nublou o ânimo de quem pretendia comemorar o aniversário da capital brasileira. O autor da reportagem, o jornalista Henrik Jönsson, classificou a cidade como a mais corrupta do país. No artigo ele não revela os dados em que se baseou para fazer tal afirmação, mas fica difícil contestá-lo diante da roubalheira no governo local que veio à tona nos últimos meses. E, pelo bem dos brasileiros, torço mesmo para que não exista um lugar no Brasil que seja mais corrupto do que Brasília é agora.
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
Que vergonha!
Fiquei sabendo da prisão do governador eleito do Distrito Federal José Roberto Arruda com um dia de atraso. Só hoje à noite vi as manchetes dos jornais brasileiros sobre o assunto. Fiquei surpresa, pois não tinha muita esperança de que o fosse se desenvolver tão rapidamente, e aliviada. Quem sabe Brasília finalmente se livre dessa corja que tomou conta da minha cidade natal.
Algo que me deixou boquiaberta e até um pouco constrangida porque ainda me considero uma jornalista, embora esteja afastada da profissão, foi a participação de tantos jornalistas nas tramoias do Arruda. O que me deixou ainda mais de queixo caído foi ver jornalistas com quem trabalhei em jornais de Brasília envolvidos até o pescoço no mensalão do governo do DF.
Pensei sobre o que teria a dizer a esses meus ex-colegas. Só duas palavras: Que vergonha!
Algo que me deixou boquiaberta e até um pouco constrangida porque ainda me considero uma jornalista, embora esteja afastada da profissão, foi a participação de tantos jornalistas nas tramoias do Arruda. O que me deixou ainda mais de queixo caído foi ver jornalistas com quem trabalhei em jornais de Brasília envolvidos até o pescoço no mensalão do governo do DF.
Pensei sobre o que teria a dizer a esses meus ex-colegas. Só duas palavras: Que vergonha!
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