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terça-feira, 20 de setembro de 2011

Questionando o mito da democracia racial

Na última semana dei uma palestra na Universidade de Copenhague a convite do Centro de Estudos Latino-Americanos e da Embaixada do Brasil na Dinamarca, que estavam promovendo a conferência Brasil no século XXI: perspectivas numa sociedade multiétnica (minha tradução para Brazil in the 21st Century: New Perspectives on a Multi-ethnic Society). Embora eu tente acompanhar os principais acontecimentos no Brasil, tive que fazer uma pequena pesquisa para me atualizar sobre o tema sobre o qual escolhi falar: a mídia e o mito da democracia racial.

Depois de consultar dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e vários artigos científicos e textos jornalísticos, cheguei a uma conclusão animadora e a outra desalentadora.

Leia mais no http://margarethmarmori.wordpress.com/2011/09/20/questionando-o-mito-da-democracia-racial/

terça-feira, 17 de maio de 2011

”Melhor se apaixonar por um americano do que por um brasileiro”

Nyhavn at spring timeImage via WikipediaNa semana passada os partidos do governo dinamarquês e seu maior aliado, o partido nacionalista Danske Folkeparti (DF, o Partido do Povo Dinamarquês) fecharam um acordo histórico com o o apoio do partido de centro, o Radikale, para mudanças nas regras de aposentadoria. O acordo foi festejado pela imprensa como o fim de dez anos da política de bloco, uma prática iniciada pelo primeiro ministro anterior, Anders Føgh Rasmussen, do Venstre, que passou a se valer da maioria que seu partido e seus aliados gozam no parlamento para impor seus projetos ignorando os partidos da oposição. A prática quebrou a tradição dinamarquesa da democracia cooperativa, através da qual sempre se buscou a participação do maior número possível dos partidos representados no legislativo dinamarquês nas discussões e decisões políticas.

Se por um lado fiquei contente com a mudança, um dos preços do acordo me assustou e me fez 
concluir que, por mais que tentem me convencer do contrário, a política dinamarquesa mais parece um disco de vinil arranhado: não sai do lugar e repete uma enervante ladainha xenófoba.


Leia mais no http://blogadona.wordpress.com/
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quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Imbróglio dinamarquês na concessão de cidadania a jovens

O governo dinamarquês está passando por um imbróglio constrangedor depois da revelação feita pelo jornal Information de que o Ministério da Integração (responsável por políticas relacionadas aos estrangeiros residentes no país) há anos vem desrespeitando convenções das Nações Unidas ao negar a cidadania dinamarquesa a jovens sem cidadania residentes no país.

Leia mais: http://blogadona.wordpress.com/2011/02/17/imbroglio-dinamarques-na-concessao-de-cidadania-a-jovens/

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Só para os ricos e letrados

Bingo! O que parecia impossível aconteceu. Os partidos que participam do governo dinamarquês conseguiram tornar a lei de imigração da Dinamarca ainda mais rígida. A partir do próximo ano, vai ficar ainda mais complicado e difícil para um estrangeiro que se casar com um dinamarquês ter o direito de viver na terra do patinho feio. 

sábado, 25 de setembro de 2010

Sustos outonais

Todo ano, mais ou menos nesta época, início do outono europeu, começam as discussões no Parlamento dinamarquês sobre a divisão do orçamento público federal para o ano seguinte. E todo ano, desde que a direita assumiu o poder na Dinamarca, é tempo de eu me preocupar sobre o que vai sobrar de ruim para os estrangeiros dessas discussões.

Leia mais no http://blogadona.wordpress.com/2010/09/25/sustos-outonais/

quinta-feira, 15 de julho de 2010

O que a gente faz do que os outros fizeram com a gente?*

Vera Vital Brasil, que dedicou anos ao trabalho com vítimas de tortura, sabe por experiência própria do que está falando quando diz que o mal causado pela tortura nunca pode ser completamente superado.


Como estudante da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, no final dos anos 60, Vera participou ativamente do movimento estudantil universitário, um dos grandes focos de resistência à ditadura militar no Brasil (1964-1985). Devido a sua militância, em dezembro de 1969, Vera foi presa e torturada nas dependências do temido DOI-CODI da Rua Barão de Mesquita, no Rio de Janeiro (Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna.


Depois de passar três meses na prisão, Vera deixou o Rio de Janeiro e se exilou no Chile. O exílio durou seis anos e, ao voltar ao Brasil em 1976, Vera estava decidida a mudar o rumo de sua carreira para tentar transformar em algo bom o mal que lhe haviam causado.
“O que a gente faz com o que os outros fizeram à gente? Interiorizamos essa experiência dilacerante ou lutamos para que isso nunca mais aconteça novamente? Eu escolhi a segunda alternativa”, ela diz ao explicar o porquê de sua escolha pela psicologia e trabalho clínico e e do envolvimento com vítimas de tortura.

Trabalho voluntário

Enquanto trabalhava como professora de química e fazia o curso de psicologia, Vera participou como voluntária de programas de defesa dos direitos humanos e de assistência à saúde a moradores de favelas do Rio de Janeiro. Anos mais tarde, também como voluntária, se envolveu num programa de apoio psicológico a pessoas infectadas com o vírus da Aids.

Era apenas o começo de uma longa trajetória na defesa dos direitos humanos que a levou, em 1982, a se juntar a outros ex-presos políticos do Rio de Janeiro na reação contra a nomeação para cargos públicos de pessoas envolvidas com a prática da tortura durante a ditadura. Essa iniciativa acabou levando um grupo de ex-presos políticos sobreviventes de tortura e familiares de mortos e desaparecidos a fundar, em 1985, o Grupo Tortura Nunca Mais Rio de Janeiro (GTNM-RJ). O grupo nasceu com a missão de lutar pela defesa dos direitos humanos, incluindo o esclarecimento das mortes e desaparecimentos de militantes políticos, o resgate da memória, a luta contra a impunidade e pela justiça, além da denúncia de torturas e todas as formas de violência.

O GTNM-RJ surgiu num momento em que a memória das mortes, desaparecimentos e tortura ocorridos durante a ditadura militar no Brasil corria o risco de ser esquecida: imperava o silêncio.. “Experiências profundamente dolorosas estavam ficando no baú do esquecimento e o Estado tinha uma política de silenciar sobre estes acontecimentos”, ela conta.

O fato de sobreviventes de tortura terem dificuldade em falar sobre suas experiências por sentirem-se ameaçados também contribuiu para que muitos crimes estivessem caindo no esquecimento. “Alguns pacientes chegavam a se culpar pelo que lhes havia acontecido. Achavam, por exemplo, que não haviam sido suficientemente ágeis para fugir da repressão e atribuíam a si um erro. Mas foi o o Estado quem cometeu crimes ao matar, torturar, fazer desaparecer os corpos dos opositores e dizimar as forças de oposição ao regime.”
Em 1991, com recursos financeiros do Fundo Voluntário das Nações Unidas para as Vítimas de Tortura, o GTNM/RJ formou uma equipe clínica que passou a prestar assistência terapêutica médico-psicológica e de reabilitação física a vítimas de tortura. Vera fez parte da equipe clínica do GTNM-RJ desde sua criação até este ano de 2010.

Justiça e reparação

Ao longo desses anos, sua experiência pessoal e a dedicação a outras vítimas convenceram-na que o mal causado pela tortura não pode ser completamente superado.

“O dano causado pela tortura se acentua se for silenciado e se não se fizer justiça, ou seja, se não houver reparação. O fato de o Estado, que deveria garantir e proteger a vida, ser o agente da violência, tem um efeito devastador na subjetividade. Nossa prática clínica é insuficiente para curar esse dano. Mas podemos tentar fazer com que as pessoas que passaram por essa experiência dilacerante se sintam melhor, deem um outro sentido a esta experiência, deslocando-a do plano meramente pessoal, individual, privado, para o plano do coletivo, da história”, ela diz.

Em julho de 1993, com o evento que ficou conhecido como a Chacina da Candelária (Candelária Massacre), quando crianças e adolescentes de rua foram assassinados por forças policiais na cidade do Rio de Janeiro, os membros da equipe se deram conta que sua área de atuação deveria ser ampliada. “Estávamos cuidando dos afetados pela violência do Estado ocorrida durante a ditadura, e nos demos conta de que outro segmento social estava sendo afetado por essa mesma violência naquele momento de transição para a democracia”, explica Vera.

Pobres: novo alvo da violência do Estado

Segundo ela, houve no período de transição uma mudança no perfil do principal alvo da violência do Estado. “No Brasil, não há mais perseguidos políticos como havia durante o regime militar. Hoje são os pobres as maiores vítimas da violência do Estado e, infelizmente, tortura e maus tratos são problemas graves e generalizados no país”.

Diariamente presenciamos exemplos grotescos de brutalidade, extermínio, torturas, violência e maus tratos no Brasil. Frequentemente a polícia entra nas favelas do Rio de Janeiro atirando indiscriminadamente, supostamente em busca de traficantes de drogas. No estado do Espírito Santo, dezenas de detentos foram amontoados em contêineres de carga onde a temperatura chegava a 50 graus centígrados. Em São Paulo, há pouco tempo um jovem rapaz, motobói, foi torturado até a morte por policiais e teve o corpo jogado numa rua da cidade”, ela conta.

“Historicamente, a violência cometida pelo Estado, incluindo a tortura, não recebe atenção da mídia, ao contrário do que acontece com casos de violência familiar ou de violência cometida por criminosos, que sempre ganham o horário nobre dos noticiários de televisão”, conta. “A razão é que as principais vítimas da violência do Estado são pessoas pobres. E os pobres no Brasil têm de ser invisibilizados. É como se houvesse uma tentativa das elites políticas e econômicas de invisibilizar o problema da pobreza e da violência que se abate sobre este setor ”, analisa.

Apesar desse quadro, Vera acha que a sociedade brasileira, aos poucos tem avançado na proteção dos direitos humanos, destacando esforços de alguns setores do governo. “É impressionante a discrepância entre a truculência de setores do Estado brasileiro e a preocupação sincera com a defesa dos direitos humanos de outros setores desse mesmo Estado”, ela diz.

Reparação integral

Para ela, o melhor exemplo de avanço nessa área é o Programa Nacional de Direitos Humanos – PNDH-3, resultado da mobilização de amplas forças sociais em Conferências Nacionais e lançado em dezembro de 2009 pelo presidente Lula da Silva. Na opinião de Vera, embora o Programa tenha sofrido alterações nos primeiros meses deste ano, ele representa um avanço nos esforços pela proteção dos direitos humanos no país.

Vera não está mais trabalhando na equipe clínica do GTNM-RJ, mas sua militância contra a violência do Estado continua. Ela participa de um grupo de terapeutas que se encarrega da criação de uma política pública nacional para a atenção aos afetados pela violência de Estado, e também das atividades de uma organização que trabalha pela reparação e memória de crimes de Estado - o Fórum de Reparação e Memória do Rio de Janeiro.

Sua militância atual reflete suas preocupações quanto à necessidade de que processos de reparação às vítimas de tortura e outros tipos de violência do Estado sejam integrais e não se restrinjam à compensação financeira. “É necessário ampliar o conhecimento sobre os acontecimentos, julgar os responsáveis e criar memória do que se passou”, ela diz.

Nos últimos anos, milhares de pessoas que foram perseguidas pelo regime militar têm recebido compensações econômicas do Estado brasileiro. Vera teme que a compensação econômica acabe tendo um efeito perverso. “A reparação econômica pode fazer com as pessoas se calem, com que elas silenciem seus clamores por justiça”. Aos 64 anos de idade, Vera continua trabalhando para impedir que esse silenciamento ocorra.

Para saber mais:

  • GTNM/RJ
  • Homenagem na Comissão da Anistia no Dia da Mulher 2010 - No Dia Internacional da Mulher no dia 8 de março de 2010, Vera Vital Brasil estava entre as 15 mulheres perseguidas politicamente durante o regime militar que foram homenageadas em sessão especial de julgamento da Comissão de Anistia do Ministério da Justica do Brasil.
* Artigo originalmente publicado no site do IRCT

sábado, 26 de junho de 2010

Dia Internacional de Apoio às Vítimas de Tortura

Hoje é o Dia Internacional das Nações Unidas de Apoio às Vítimas da Tortura. Para quem, como eu, trabalha na área de comunicação de uma organização voltada para proteção e tratamento de vítimas de tortura, este é o dia mais importante do calendário anual de atividades profissionais.

Nas últimas semanas, repetindo o que tem acontecido todos os anos desde que comecei a trabalhar no Conselho Internacional para Reabilitação de Vítimas de Tortura (IRCT), meus colegas e eu trabalhamos dobrado para tentar fazer de hoje um dia para ser lembrado pelo maior número possível de pessoas. Acho que este ano, graças ao poder das mídias sociais, conseguimos transmitir nossa mensagem a um número maior de pessoas (dê uma olhada no facebook.com/worldwithouttorture e o bloggersunite.org/event/international-day-in-support-of-torture-victims)

Nos últimos dias, falei muito sobre as vítimas de tortura e hoje quero reverenciar aqueles que, apesar da experiência dilacerante e desesperadora pela qual passaram, não desistiram da vida e continuam tentando acreditar na humanidade.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Por um mundo sem tortura: A World Without Torture

Imagine um mundo onde não existe tortura. Este é o sonho que o IRCT (Conselho Internacional para Rehabilitação de Vítimas de Tortura) está procurando compartilhar com o maior número possível de pessoas através de uma campanha no Facebook.

A adesão à campanha, da qual sou uma das principais coordenadoras, tem sido fantástica. Em dois dias, mais de 1.100 pessoas se juntaram à campanha.

Olha o link aqui: www.facebook.com/WorldWithoutTorture

sexta-feira, 12 de março de 2010

Prêmio controverso

Às vezes aqui na Dinamarca me sinto sozinha no meu jeito de pensar, como se eu fosse a única em toda essa pequena nação que enxergasse o absurdo na maneira como alguns políticos dinamarqueses falam de pessoas que têm religião e cultura diferentes das deles. Como se eu fosse a única que se enfurecesse quando políticos do partido de extrema direita que participa da aliança governista, sem o menor constrangimento, dizem horrores como "os homens muçulmanos não só matam suas filhas como também fingem não ver que elas são estupradas pelos tios delas".

Embora eu não saiba onde estão, talvez porque não ganhem espaço na mídia, deve haver muitos aqui que pensam como eu. Mesmo assim frequentemente chego a me achar uma esquisita, como se minhas opiniões contra a discriminação religiosa que os muçulmanos sofrem aqui na Dinamarca fossem tão radicais que me transformassem numa extremista.

Por isso me senti de alma lavada quando semanas atrás li uma longa entrevista com o escritor dinamarquês Carsten Jensen no jornal Politiken. Ele é um dos romancistas e ensaístas contemporâneos mais populares e premiados na Dinamarca, autor de “Vi o mundo começar" (minha tradução do título em inglês I've seen the world begin. ) e Nós, os afogados (minha tradução do título original em dinamarquês, "Vi, de druknede”).

Nessa entrevista Jensen disse:

“ - Se eu fosse imigrante, eu me se sentiria muito ofendido pelo modo como se referem a mim (…) Eu me sentiria diminuído”.

Recentemente ele recebeu o prêmio Olof Palm, por seu “humanismo, sensatez e fé no futuro”, concedido pelo Fundo pelo Entendimento Internacional Olof Palm. O prêmio o colocou ao lado de laureados nobres e respeitados como Anistia Internacional (1991), Václav Hnavel (1989), Daw Aung San Suu Kyi (2005), a ativista iraniana Parvin Ardalan (2007). Ao invés de se orgulharem do reconhecimento recebido pelo conterrâneo, muitos dinamarqueses ficaram furiosos com o prêmio e a imprensa reagiu de forma surpreendentemente negativa.

“Carsten Jensen recebe 400.000 coroas por criticar a Dinamarca” (Carsten Jensen får 400.000 kr. for at kritisere Danmark ), foi a manchete do Politiken, que é o mais à esquerda entre os três grandes jornais do país. Algo no mesmo tom saiu no site do DR, o maior canal de TV do país. Leitores do jornal chamaram o escritor de hipócrita e covarde e alguns pediram que ele se mudasse para a Suécia.

Tanta reação quase me chocou. Mas depois de ler um pouco mais sobre Jensen, comecei a entender tanta ira. Como um outro leitor do Politiken comentou, as reações furiosas são uma prova de que “... Carsten Jensen acerta no cerne do problema com a Dinamarca. Carsten Jensen mereceu esse prêmio. Peguem um Kleenex e sequem o ódio dos estrangeiros de suas faces” (minha tradução).

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Intolerância europeia

Estava indo de carro buscar minha filha no jardim de infância quando ouvi no rádio a notícia de que um referendo havia proibido a construção de mesquitas com minaretes no território suíço. Fiquei chocada e quase apavorada.

Eu já havia ouvido falar do referendo, mas nem havia me passado pela cabeça que a proibição seria aprovada. Achei que os suíços fossem colocar a extrema direita do país em seu devido escorraçando uma proposta ridícula que não tem cabimento num país que se diz democrático.

Mas não: a proposta não soou ridícula aos ouvidos da população suíça e a intolerância europeia se fez mostrar mais uma vez. Aqui na Dinamarca, o maior partido de extrema direita, o Danske Folkeparti, se apressou a declarar que também vai defender um referendo semelhante. Todos os demais partidos, tanto de direita, centro e esquerda rechaçaram a ideia, embora alguns de forma pouco convincente.

Um representante do Venstre, o partido de centro direita do primeiro ministro Lars Løkke Rasmussen, disse, apenas que um referendo do tipo suíço não vai acontecer na Dinamarca porque o parlamento daqui (Folketinget) não legisla sobre regras para construção de prédios, o que caberia aos governos locais. Dessa maneira, ao invés de condenar qualquer iniciativa semelhante e defender enfaticamente a liberdade religiosa, o partido do governo daqui preferiu evitar polêmica com o Danske Folkeparti, que lhe dá maioria no parlamento e lhe garante a continuidade no poder.

Agora é torcer para que O Tribunal Europeu dos Direitos Humanos derrube essa proibição ofensiva. Enquanto isso, dou o link de uma foto da Mesquita do Centro Islâmico do Brasil lá na minha Brasília, que não é nenhum paraíso, mas onde todos os santos e deuses são permitidos: http://www.iesb.br/moduloonline/imgs/mesquita.jpg

sábado, 24 de outubro de 2009

Conferência

Acabei de voltar de uma cidade perto de Amsterdam e com um nome que não consigo pronunciar, (Noordwijkerhout) na Holanda, aonde fui participar de uma conferência sobre arrecadação de fundos em organizações não governamentais (the International Fundraising Congress). Fiquei impressionada com a ótima organização do evento e a forma calorosa com que entidade por trás do evento, Resource Alliance, recebeu os participantes.

A qualidade dos palestrantes e o bom nível dos debates também me impressionou e recomendo a todos que trabalhem em instituições não governamentais e que estejam atrás de inspiracão e boas idéias a participar do congresso, que acontece anualmente na mesma cidade holandesa.

Não sou realmente a “arrecadadora de fundos” da minha organização, mas como responsável pela presença do IRCT na internet, preciso aprender mais sobre como canais como o nosso site e nossas páginas no facebook, twitter e youtube podem ser usados para atrair ativistas virtuais para apoiar nossa causa e, eventualmente, aumentar a quantidade de doações individuais para nossa organização.

Nos três dias da conferência ouvi e conversei com pessoas representantes de organizações com causas das mais diversas. Havia, por exemplo, representantes de instituições que promovem pesquisa para o tratamento do câncer, de apoio a pacientes de câncer, da área ambiental, de mulheres africanas, de trabalhadores alemães e de promoção de educação de jovens do Oriente Médio. Comum a todas essas organizações é a preocupação sobre a repercussão da crise econômica sobre a arrecadação de fundos para manter suas atividades. Muitas dessas organizações estão recorrendo à internet para buscar doações e o apoio de voluntários.

Aliás, por falar em IRCT e internet, já conferiu o novo site do IRCT?

sábado, 26 de setembro de 2009

Zero decibel

Esta é uma grande iniciativa: uma campanha contra o uso da música como método de tortura.

A música que só deveria ser usada para nos proporcionar prazer, foi usada pela CIA Como método de tortura na chamada "guerra contra o terror". Prisioneiros foram mantidos no que ficou conhecido como "dark prison" (prisão escura) onde, completamente deprivados de luz, foram obrigados a ouvir a mesma música em volume ensurdecedor por dias e dias. Há relatos de ex-prisioneiros em Guantánamo dando conta de que as sessões de tortura chegaram a durar 20 dias ininterruptos.

A União de Músicos do Reino Unido e a ONG Reprieve se juntaram na campanha genial zerodB, que está juntando video e foto assinaturas de apoio à campanha. Vale a pena conferir.




quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Fotos de família

Nossa! Tenho trabalhado tanto que nem tenho tido tempo de blogar. E que falta o blog me faz.

Mas acho que vai valer a pena tanto esforço. O novo site do IRCT vai ficar o máximo, embora minhas ambições fossem ainda maiores. É que sou extremamente impaciente e queria fazer o site perfeito agora, ou melhor, ontem, mas uma série de limitações, inclusive financeiras, não vao deixar isso acontecer. Além do que, "saite" perfeito não existe. Estamos todos ainda aprendendo enquanto fazemos nesse mundo tresloucado da web.

Para não desaparecer completamente, passo adiante um link engraçadíssimo que uma colega de trabalho me enviou para aliviar a tensão desses ocupados dias: http://www.guidespot.com/guides/awkward_family_photos.

Vale a pena conferir.

domingo, 6 de setembro de 2009

Ando meio sumida

É que o bicho está pegando lá no trabalho, com muitos projetos rolando ao mesmo tempo. Um deles é a criação de uma comunidade virtual global de apoio ao IRCT (International Rehabilitation Council for Torture Victims), onde trabalho. Por enquanto, quem quiser mostrar seu apoio ao trabalho da organização pode se tornar fã da página do IRCT no Facebook (http://www.facebook.com/irct.org ) mas estamos trabalhando para criar um site específico para os que querem apoiar a luta ontra a tortura e de apoio à recuperaçao de pessoas que foram vítimas da tortura.

Hassan e Gulizar

A situação de Hassan Gardi talvez seja o mais triste exemplo do quão absurda é a atual política de imigração do governo dinamarquês. Ele 72 anos, é demente, pesa somente 47 quilos, passa boa parte do tempo deitado e depende de ajuda para ir ao banheiro, se lavar e se alimentar. Hassan estava entre os iraquianos que se refugiaram na Igreja Brorsons e, segundo sua esposa Gulizar, ficou completamente desnorteado quando a polícia invadiu o local e tirou todos os refugiados de lá. O jornal dinamarquês information.dk conta que o casal foi colocado no olho da rua e depois de perambular por algum tempo no meio da confusão criada por manifestantes e polícia, foi resgatado por ativistas que agora os mantêm escondidos das autoridades.

A legislação dinamarquesa prevê que refugiados com problemas graves de saúde mental podem ser ganhar permanência na Dinamarca por motivos humanitários. Apesar disso, e contra opinião emitida em laudos médicos, o Ministério que cuida dos pedidos de asilo, ironicamente chamando de Ministério da Integração, rejeitou o pedido de permanência por motivos humanitários a favor de Hassan e Gulizar. Na explicação do Ministério, demência não é doença grave e o fato de Gulizar cuidar do marido é considerado suficiente para justificar enviar os dois de volta para o Iraque.

Que Gulizar seja analfabeta, não tenha uma profissão ou que o ganha pão do casal, uma cafeteria em Erbil no norte do Iraque, tenha explodido nos ares depois que um carro bomba estacionou em frente ao estabelecimento, foi ignorado pelo Ministério da Integração (esse nome quase me dá náuseas). Ainda assim Gulizar mantem as esperanças e tenta tranquilizar o marido dizendo que ele não precisa ter medo porque “estamos num país humano, onde os direitos humanos têm grande significado”. Torço por eles para que ela tenha razão.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Paradoxo

Muito interessante um artigo escrito pelos estudantes da Universidade de Yale Yasmin Zaher and Saned Raouf para o Huffington Post sobre a situacão dos refugiados iraquianos na Dinamarca e a remocão dos refugiados da Igreja Brorsons:
The Modern Making of Refugee Politics
Falam, entre outras coisas, do paradoxo de um país que está no topo do ranking de países com o mais alto grau de felicidade ser o mesmo que impõe repetidos traumas psicológicos aos refugiados iraquianos que lutam por uma chance de ter uma vida decente.

domingo, 23 de agosto de 2009

Bisian

Bisian e sua família estava entre os iraquianos que buscaram refúgio na Igreja Brorsons e entre os cerca de 250 iraquianos que tiveram seus pedidos de asilo rejeitado pelo governo dinamarquês e estão sendo ameaçados de serem enviados de volta para o Iraque. Ela tem 14 anos de idade, não fala árabe e vive na Dinamarca desde os quatro. Nesses dez anos na Dinamarca, ela e a família viveram em campos de refugiados.

A irmã caçula de Bisian nasceu na Dinamarca e tem menos de dois anos de idade. O irmão mais velho, segunda ela conta no site kirkeasyl.dk (site de um movimento de dinamarqueses que apoiam os refugiados iraquianos), sonha em estudar carpintaria mas foi proibido de prosseguir os estudos pelas autoridades dinamarquesas. Algo parecido aconteceu com a mãe de Bisian que começou a fazer um curso de cabeleireira mas teve de parar devido às regras para refugiados à espera de permanência.

Bisian sonha com uma vida “normal” na Dinamarca e teme a violência no Iraque. Lá, ela acha que a família não tem nenhuma chance especialmente porque seu pai está marcado para morrer no Iraque. “Lá há gente atrás dele”.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Direito de todo mundo

Devo admitir que estou ficando mais fã da Suécia. O país começou a me ganhar quando soube que lá eles tratam os refugiados iraquianos com muito mais respeito do que aqui na terra da rainha que é minha xará. E agora, depois de ter passado uma semana em Småland, uma região no sul do país, voltei meio encantada com algumas facetas da sociedade sueca.

Uma delas é o que lá chamam “Allemansrätten”, o que em português seria algo como direito de público acesso ou, numa tradução bem direta, o direito de todos os homens. A tradição e a constituição suecas ditam que todo mundo tem direito a andar, pedalar, correr, cavalgar, esquiar e até mesmo acampar em qualquer área natural, com exceção de jardins particulares, na proximidade de uma residência ou em terra sendo cultivada.

Isso quer dizer que qualquer pessoa pode pegar sua barraca e acampar no meio de uma floresta ou numa praia sem se preocupar se está invadindo uma propriedade particular. Ou levar sua canoa para uma lagoa e remar até cansar. Há algumas restrições quanto a reservas naturais, mas do contrário, toda a beleza natural do país, o que inclui montanhas, lagos, glaciais e florestas está à disposição de quem quiser admirá-la e curti-la. Um visitante pode até colher flores, cogumelos e amoras silvestres, se isso não incluir espécies protegidas. Claro que o direito implica em responsabilidades: o visitante deve proteger a natureza e evitar qualquer dano ao meio ambiente.

Por trás da norma está o princípio de que a natureza pertence e é para ser apreciada por todos. Para mim, um princípio que deveria se transformar em lei universal, embora eu saiba que a ideia causaria arrepios a proprietários de terras de países como o Brasil e a Dinamarca. Ainda assim não consigo deixar de pensar e lamentar os lagos e praias aos quais me foram negados acesso aqui na Dinamarca, as cercas intimidadoras das propriedades rurais no interior brasileiro ou as ilhas particulares de Angra dos Reis.