O que se diz a um amigo que você acabou de saber que está com câncer? Ontem fiquei sabendo que uma amiga está com câncer de mama. A notícia, claro, me entristeceu muito e também me fez passar o dia pensando sobre o que é certo e errado dizer para alguém que está para enfrentar os que provavelmente serão os piores meses da vida dela.
Não dá para enfeitar e diminuir a coisa. O tratamento contra o câncer é barra pesada. Mas, como também disse à minha amiga, é um período dificílimo que, felizmente na grande maioria dos casos, termina com bons resultados.
O que eu não disse a ela é que a operação para retirada do tumor é o primeiro de uma série de procedimentos e rotinas que vão nos colocando num papel ao qual muitas de nós não estamos habituadas: o papel de doente. Mesmo depois de findo o tratamento mais intensivo e mesmo contra nossa vontade, o papel que nos é imposto continua a nos perseguir.
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quarta-feira, 9 de junho de 2010
quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
Menu de Ano Novo - O negócio é brilhar
Acompanhe o que um grupo de brasileiros, incluindo eu (sortuda, hein"!?) e respectivas famílias vivendo na Dinamarca vão comer na passagem de ano. O menu preparado coletivamente muda a cada dia e parece cada vez mais apetitoso.
(atualizado em 30.12.2009, 14:24)
PRATO PRINCIPAL
Pernil de carneiro - AM
Pernil de carneiro - PT
Carne assada - CL
Salmão a la Bollywood - Margareth
Torta vegetariana - Ju
Algo ao gosto da garotada - Ly
COMPLEMENTOS
Farofa com bacon e ameixas – Margareth
Arroz com passas e amêndoas - Margareth
Salada de lentilha – AA
Salada - VP
Salada - RR
Pasta de grão de bico e pão sírio - DJ
Tabule - DJ
Pães de queijo - EM
Batatinhas a vinagret - AA
SOBREMESA
Pavê de ameixa - SP
Mousse de maracujá - SP
Mousse de maracujá ou limão - FCLR
Pudim de leite condensado - EM
Uvas – Margareth
Ris a la mande - AA "Se tudo der certo, pq sera meu primeiro :)"
TIRA-GOSTOS
Ly
BEBIDAS
Todos
DECORACÃO
AM e Margareth
(atualizado em 30.12.2009, 14:24)
PRATO PRINCIPAL
Pernil de carneiro - AM
Pernil de carneiro - PT
Carne assada - CL
Salmão a la Bollywood - Margareth
Torta vegetariana - Ju
Algo ao gosto da garotada - Ly
COMPLEMENTOS
Farofa com bacon e ameixas – Margareth
Arroz com passas e amêndoas - Margareth
Salada de lentilha – AA
Salada - VP
Salada - RR
Pasta de grão de bico e pão sírio - DJ
Tabule - DJ
Pães de queijo - EM
Batatinhas a vinagret - AA
SOBREMESA
Pavê de ameixa - SP
Mousse de maracujá - SP
Mousse de maracujá ou limão - FCLR
Pudim de leite condensado - EM
Uvas – Margareth
Ris a la mande - AA "Se tudo der certo, pq sera meu primeiro :)"
TIRA-GOSTOS
Ly
BEBIDAS
Todos
DECORACÃO
AM e Margareth
segunda-feira, 4 de maio de 2009
Festa
Fizemos uma festa aqui em casa no sábado passado. Na falta de um motivo, dissemos que a festa era para comemorar a primavera que, afinal, chegou à Dinamarca. A propósito, abril foi o mês mais quente e com mais horas de céu ensolarado deste país desde que começaram a registrar o clima, mais de dois séculos atrás. A temperatura média atingiu 9,4 C e foram 272 horas de céu claro. Para se ter uma ideia, no período 1961-1990, a temperatura média em abril foi de apenas 5,7 °C e as horas de céu claro não passaram de 162 horas.
Em suma, o Henrik, eu e nossos convidados, entre brasileiros, dinamarqueses e colegas de vários países do meu trabalho, tínhamos bons motivos para comemorar, mesmo porque aqui na Dinamarca é bom celebrar o bom tempo antes que ele acabe. Há quem faca piadas dizendo que, em alguns anos, temos sorte porque o verão cai num fim de semana.
Minha filha passou a noite na casa de uma tia do Henrik, o que nos deu liberdade para cantar berrando alguns dos sambões que colocamos para tocar. ”Aquarela Brasileira”, de Sila de Oliveira, na voz de Martinho da Vila, por exemplo, ou pular como loucos ao som das Frenéticas cantando “Dancing Days”.
Dancei como há muito tempo não dançava mas lá pelas tantas senti um cansaço anormal nas pernas, o que me fez lembrar que os efeitos da quimioterapia, ou da menopausa antecipada pelo tratamento, ainda incomodam.
Uma amiga que me ligou no dia seguinte e disse que se impressionou com meu pique. ”Era como se fosse a sua última chance de dançar na vida”. Achei graça. Talvez eu devesse fazer isso mais vezes: dançar como se fosse a última vez.
Em suma, o Henrik, eu e nossos convidados, entre brasileiros, dinamarqueses e colegas de vários países do meu trabalho, tínhamos bons motivos para comemorar, mesmo porque aqui na Dinamarca é bom celebrar o bom tempo antes que ele acabe. Há quem faca piadas dizendo que, em alguns anos, temos sorte porque o verão cai num fim de semana.
Minha filha passou a noite na casa de uma tia do Henrik, o que nos deu liberdade para cantar berrando alguns dos sambões que colocamos para tocar. ”Aquarela Brasileira”, de Sila de Oliveira, na voz de Martinho da Vila, por exemplo, ou pular como loucos ao som das Frenéticas cantando “Dancing Days”.
Dancei como há muito tempo não dançava mas lá pelas tantas senti um cansaço anormal nas pernas, o que me fez lembrar que os efeitos da quimioterapia, ou da menopausa antecipada pelo tratamento, ainda incomodam.
Uma amiga que me ligou no dia seguinte e disse que se impressionou com meu pique. ”Era como se fosse a sua última chance de dançar na vida”. Achei graça. Talvez eu devesse fazer isso mais vezes: dançar como se fosse a última vez.
domingo, 23 de novembro de 2008
Amizades dinamarquesas
Eu deveria escrever mais sobre a Dinamarca. Afinal, minha filha e meu marido são dinamarqueses, é aqui que vivo e, querendo ou não, acho que vai ser aqui que vou passar mais algum bom tempo da minha vida. Mas a Dinamarca não é muito inspiradora, e muitas das coisas que eu gostaria de escrever sobre os dinamarqueses poderiam soar amargas demais.
Às vezes tenho a impressão que vivo à margem da sociedade dinamarquesa. É claro que tenho amigos nativos daqui, mas a imensa maioria dos dinamarqueses com quem me relaciono são amigos ou parentes do meu marido ou casados com brasileiros vivendo aqui. Depois de mais de 11 anos vivendo aqui, posso dizer que tenho apenas uma, talvez duas amizades que eu mesma fiz.
O problema pode estar em mim que não me dou ao trabalho de fazer novas amizades. Mas meus amigos brasileiros e estrangeiros aqui falam da mesma dificuldade. Além disso, as muitas nacionalidades dos meus amigos me leva a acreditar que o problema está na sociedade dinamarquesa que é, sem dúvida, muito fechada.
Uma das minhas teorias para a aparente impenetrabilidade da sociedade dinamarquesa é que os dinamarqueses simplesmente não têm tempo para novas amizades. As pessoas aqui cultivam amizades que muitas vezes começam na creche, continuam no jardim de infância e na escola e duram até a universidade.
O grupo mais íntimo de amizades de uma das minhas cunhadas dinamarquesas é feito principalmente de moças que ela conheceu no tempo da escola primária. Aqui é comum, e não uma raridade, encontrar casais que se conheceram no jardim de infância, começaram a namorar no segundo grau, passaram a morar juntos quando entraram na universidade e se casaram quando apareceu ou decidiram ter o primeiro filho. A longevidade das amizades aqui faz com que as pessoas criem círculos de amizade fechados não só aos estrangeiros mas também a outros dinamarqueses.
Os membros desses círculos se acompanham ao longo dos anos em vários projetos comuns. Há dinamarquesas que engravidam na mesma época que suas amigas mais próximas para poderem curtir juntas a licença maternidade. Outra vantagem de tal acordo é queas crianças motivo das licenças se tornam amigos dos filhos da amiga. Ou seja, os nenês já nascem com amiguinhos arranjados.
Às vezes tenho a impressão que vivo à margem da sociedade dinamarquesa. É claro que tenho amigos nativos daqui, mas a imensa maioria dos dinamarqueses com quem me relaciono são amigos ou parentes do meu marido ou casados com brasileiros vivendo aqui. Depois de mais de 11 anos vivendo aqui, posso dizer que tenho apenas uma, talvez duas amizades que eu mesma fiz.
O problema pode estar em mim que não me dou ao trabalho de fazer novas amizades. Mas meus amigos brasileiros e estrangeiros aqui falam da mesma dificuldade. Além disso, as muitas nacionalidades dos meus amigos me leva a acreditar que o problema está na sociedade dinamarquesa que é, sem dúvida, muito fechada.
Uma das minhas teorias para a aparente impenetrabilidade da sociedade dinamarquesa é que os dinamarqueses simplesmente não têm tempo para novas amizades. As pessoas aqui cultivam amizades que muitas vezes começam na creche, continuam no jardim de infância e na escola e duram até a universidade.
O grupo mais íntimo de amizades de uma das minhas cunhadas dinamarquesas é feito principalmente de moças que ela conheceu no tempo da escola primária. Aqui é comum, e não uma raridade, encontrar casais que se conheceram no jardim de infância, começaram a namorar no segundo grau, passaram a morar juntos quando entraram na universidade e se casaram quando apareceu ou decidiram ter o primeiro filho. A longevidade das amizades aqui faz com que as pessoas criem círculos de amizade fechados não só aos estrangeiros mas também a outros dinamarqueses.
Os membros desses círculos se acompanham ao longo dos anos em vários projetos comuns. Há dinamarquesas que engravidam na mesma época que suas amigas mais próximas para poderem curtir juntas a licença maternidade. Outra vantagem de tal acordo é queas crianças motivo das licenças se tornam amigos dos filhos da amiga. Ou seja, os nenês já nascem com amiguinhos arranjados.
segunda-feira, 25 de agosto de 2008
Amigo oba oba
Ficar gravemente doente é bom para pelo menos uma coisa: identificar seus amigos oba oba. Essa categoria de amigo você sempre encontra nas festas, ele diz por aí que é seu amigo do peito e está sempre a fim da sua companhia se você está de ótimo humor e saudável. Mas se bateu um baixo astral ou se o médico acabou de confirmar que aqueles exames deram mesmo positivo para aquela doença que você temia, esqueça o amigo oba oba. O amigo oba oba vai certamente dar uma ligada ou mandar um e-mail lamentando a má notícia mas depois, tchau tchau. Ele só vai aparecer quando você der uma festa para comemorar que o diagnóstico foi um erro médico e para te ajudar a meter o pau no hospital e no sistema, que são mesmo uma merda etc e tal.
Os amigos oba oba não são maus. É bom tê-los para animar uma festa, contar uma boa piada ou não deixar o assunto morrer numa mesa de bar. Mas não conte com eles para muito mais do que isso. Eles não conseguem lidar com assuntos tristes e desagradáveis como um diagnóstico de câncer e somem quando você mais precisa de ajuda. Quando a solidão que a doença traz for mais dolorosa, não espere encontrar um emaizinho dele no seu Inbox. Ele anda ocupado demais para escrever. Um telefonema é também algo inimaginável. Seu amigo oba oba nunca consegue te encontrar, o que é algo meio inexplicável porque você está encarcerado em casa com um corpo doente que quase não consegue dar um passo.
Seu amigo oba oba não consegue enxergar que, se para ele uma doença alheia é algo triste e desagradável, para quem a vive na pele, nos ossos e nas células, a situação é obviamente muitíssimo pior. Ou talvez, quem sabe, ele enxergue isso demais e não consiga suportar ver a dor do amigo, preferindo desaparecer até o amigo se curar ou ser enterrado. De qualquer maneira, ele não consegue esquecer seu próprio desconforto por três minutos, que é o que seria necessário para escrever um e-mail, nem por dez minutos, o tempo de uma ligação telefônica. Uma visitinha solidária, então, completamente fora de questão.
Nesses nem sempre festivos últimos meses da minha vida, consegui identificar alguns amigos oba oba. Se fosse vinte anos atrás, teria ficado decepcionada e magoada, mas hoje consigo relevar, como diz uma amiga que não se enquadra na categoria oba oba. Espero contar com presença deles nas muitas festas que pretendo fazer.
Os amigos oba oba não são maus. É bom tê-los para animar uma festa, contar uma boa piada ou não deixar o assunto morrer numa mesa de bar. Mas não conte com eles para muito mais do que isso. Eles não conseguem lidar com assuntos tristes e desagradáveis como um diagnóstico de câncer e somem quando você mais precisa de ajuda. Quando a solidão que a doença traz for mais dolorosa, não espere encontrar um emaizinho dele no seu Inbox. Ele anda ocupado demais para escrever. Um telefonema é também algo inimaginável. Seu amigo oba oba nunca consegue te encontrar, o que é algo meio inexplicável porque você está encarcerado em casa com um corpo doente que quase não consegue dar um passo.
Seu amigo oba oba não consegue enxergar que, se para ele uma doença alheia é algo triste e desagradável, para quem a vive na pele, nos ossos e nas células, a situação é obviamente muitíssimo pior. Ou talvez, quem sabe, ele enxergue isso demais e não consiga suportar ver a dor do amigo, preferindo desaparecer até o amigo se curar ou ser enterrado. De qualquer maneira, ele não consegue esquecer seu próprio desconforto por três minutos, que é o que seria necessário para escrever um e-mail, nem por dez minutos, o tempo de uma ligação telefônica. Uma visitinha solidária, então, completamente fora de questão.
Nesses nem sempre festivos últimos meses da minha vida, consegui identificar alguns amigos oba oba. Se fosse vinte anos atrás, teria ficado decepcionada e magoada, mas hoje consigo relevar, como diz uma amiga que não se enquadra na categoria oba oba. Espero contar com presença deles nas muitas festas que pretendo fazer.
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