quarta-feira, 22 de julho de 2009

Mahabat e seus dois meninos


O governo dinamarquês quer separar a iraquiana Mahabat Rushdi Merza, de seus filhos, um nenê de oito meses e um menininho de quatro anos, e de seu marido. Por mais estranho que pareça, o marido e os filhos de Mahabat receberam autorização para viver temporariamente na Dinamarca, mas o pedido de asilo dela foi recusado e o governo dinamarquês ameaça mandá-la de volta para o Iraque.

Mahabat é uma dos 250 refugiados iraquianos que tiveram seus pedidos de asilo recusados pelo governo dinamarquês, que pretende enviá-los à força de volta para o Iraque. Antes, a falta um acordo entre os dois países impedia que a Dinamarca pudesse obrigar os refugiados a voltar a seu país de origem enquanto o governo iraquiano não quisesse recebê-los. Mas tal acordo foi alcançado no dia 13 de maio passado e, desde então, um grupo de refugiados, em pânico, passou a ocupar a igreja Brorsons, situada perto do centro de Copenhague.

Mahabat, que tem 28 anos de idade, e seus dois filhos fazem parte desse grupo. Ela vive há dez anos na Dinamarca, onde, além dos filhos e marido, também moram sua mãe e quatro irmãos. Assim como ela, sua mãe e os irmãos não receberam permissão para viver na Dinamarca e também estão vivendo na igreja.

domingo, 19 de julho de 2009

Pelo bico

Não resisti e estou repassando o link de um vídeo que está circulando na rede. Um cara mostrando uma jeito simples de descascar uma banana. Segundo ele, do jeito dos macacos. No vídeo, ele tenta primeiro descascar a banana como sempre fez: pelo talo. Depois demonstra o método dos nossos primos macacos: apertando o bico. Já experimentei e dá certo.

Depois desse vídeo revelador, percebi o quanto a internet anda revolucionando minha vida. Todo dia. Até mesmo no descascar de uma banana.

Ah! O link: http://www.youtube.com/watch?v=nBJV56WUDng

terça-feira, 14 de julho de 2009

17 picadas

Acabaram-se as picadas no meu braço a cada três semanas. Ontem recebi a última das 17 doses de Herceptin (trastuzumab), o remédio que deve diminuir as chances de que meu câncer volte a aparecer. Tive de receber esse tratamento extra porque meu câncer de mama, infelizmente, era do tipo HER2 positivo, ou seja, tinha um número anormal de células HER2. Quando a superfície do câncer tem um número excessivo de células da proteína HER2, o tumor é mais agressivo, podendo se espalhar mais rapidamente e com maior possibilidade de reaparecimento. 25% dos casos de câncer de mama são HER2 positivo.

Aliás, ontem fui picada duas vezes já que me submeti a mais um exame cardíaco feito para conferir se o Herceptin não está me causando problemas de coração. O exame mostrou que minhas funções cardíacas estão absolutamente normais. Se não estivessem, eu não poderia receber a última dose de Herceptin.

Meses atrás eu tinha planejado festejar estrondosamente o final do tratamento, mas o dia de ontem passou de forma bem tranquila. Ganhei flores do Henrik e à noite a tia dele ficou com a Gabi para que pudéssemos jantar fora. A noite estava agradável, a cidade cheia de gente. Foi como se estivéssemos comemorando um aniversário de casamento. Um pouco surreal.

Hoje tive um dia normal de trabalho e tudo que está relacionado à doença pareceu ainda mais distante. Mas a falta de um seio e a braçadeira me acompanham e não me deixam esquecer o ano e meio que passou.

terça-feira, 7 de julho de 2009

10 anos

Crianças exiladas fora dos abrigos!
Há crianças vivendo num dos países mais ricos do mundo sem direito a frequentar uma escola normal com outras crianças da mesma idade. Algumas dessas crianças nasceram e nunca saíram desse país, mas ainda assim vivem à margem da sociedade.

Estou em campanha por assinaturas de apoio a 122 crianças que vivem em campos para exilados na Dinamarca. Assinei uma petição e tenho usado Facebook, Twitter, meu e-mail e agora este blog para apoiar a causa, sobre a qual se pode ler no http://www.asylboerneneudnu.dk/ (infelizmente apenas em dinamarquês). O movimento por essas crianças têm três reivindicações básicas: as criancas devem ter o direito de viver fora dos abrigos, elas devem ter direito a viver uma vida mais próxima do normal com seus pais e, juntamente com seus pais, elas devem receber o tratamento necessário para que possam superar seus traumas e retomar suas vidas.

O site conta um pouco da rotina dessas crianças espalhadas em seis abrigos mantidos pelo governo e administrados pela Cruz Vermelha da Dinamarca. Crianças maiores de seis anos frequentam uma escola especial para refugiados da Cruz Vermelha. A maior parte dessas crianças tem de viajar de ônibus diariamente duas horas de ida e volta para chegar à escola especial. A carga horária e a quantidade de disciplinas na escola especial são reduzidos e as crianças não tem direito a prestar exames.

As crianças nos abrigos têm muito pouco contato com crianças dinamarquesas, o que naturalmente dificulta a aprendizagem do dinamarquês. Os abrigos ficam geralmente em áreas isoladas e como os pais têm muito pouco dinheiro para transporte, o resultado é que essas crianças vivem à parte do resto da sociedade, com raras oportunidades de lazer. Principalmente os adolescentes se sentem marginalizados.

A vida nos abrigos é cheia de barulho, confusão e insegurança.. Frequentemente chegam pessoas estranhas enquanto outras pessoas abandonam os centros. A instabilidade das relações faz com que algumas crianças desistam de fazer amigos, se negam a frequentar a escola e se isolem em seus quartos. Nos quartos onde as famílias vivem, há pouco espaço e quase nenhuma privacidade.

Os pais dessas crianças são proibidos de procurar emprego e precisam “bater o ponto” nos abrigos, onde a presença deles é controlada para evitar fugas. Sem trabalho, eles recebem ajuda financeira do governo dinamarquês, que lhes paga quantias bem inferiores à ajuda de custo recebida por cidadãos dinamarqueses e estrangeiros com permanência regular no país..

Tudo isso talvez não fosse razão para grandes problemas se a passagem pelos abrigos fosse curta. Mas todas essas 122 crianças vivem há pelo menos um ano nesses abrigos. Muitas já têm três anos de vida nos abrigos e uma delas vive em abrigos há dez anos. Dez anos. Toda uma infância.

Ninguém pode dizer que essas crianças não têm suas necessidades básicas atendidas. Como eu já frisei numa postagem anterior não lhes falta comida, roupa e teto. Mas a situacão delas me faz lembrar aquela a cancão* dos Titãs que tem o seguinte trecho:

"A gente não quer só comida
A gente quer comida
Diversão e arte
A gente não quer só comida
A gente quer saída
Para qualquer parte...

A gente não quer só comida
A gente quer bebida
Diversão, balé
A gente não quer só comida
A gente quer a vida
Como a vida quer..."

*Comida (composição do Arnaldo Antunes / Marcelo Fromer / Sérgio Britto. Letra completa no http://letras.terra.com.br/titas/91453/)