domingo, 6 de setembro de 2009

Hassan e Gulizar

A situação de Hassan Gardi talvez seja o mais triste exemplo do quão absurda é a atual política de imigração do governo dinamarquês. Ele 72 anos, é demente, pesa somente 47 quilos, passa boa parte do tempo deitado e depende de ajuda para ir ao banheiro, se lavar e se alimentar. Hassan estava entre os iraquianos que se refugiaram na Igreja Brorsons e, segundo sua esposa Gulizar, ficou completamente desnorteado quando a polícia invadiu o local e tirou todos os refugiados de lá. O jornal dinamarquês information.dk conta que o casal foi colocado no olho da rua e depois de perambular por algum tempo no meio da confusão criada por manifestantes e polícia, foi resgatado por ativistas que agora os mantêm escondidos das autoridades.

A legislação dinamarquesa prevê que refugiados com problemas graves de saúde mental podem ser ganhar permanência na Dinamarca por motivos humanitários. Apesar disso, e contra opinião emitida em laudos médicos, o Ministério que cuida dos pedidos de asilo, ironicamente chamando de Ministério da Integração, rejeitou o pedido de permanência por motivos humanitários a favor de Hassan e Gulizar. Na explicação do Ministério, demência não é doença grave e o fato de Gulizar cuidar do marido é considerado suficiente para justificar enviar os dois de volta para o Iraque.

Que Gulizar seja analfabeta, não tenha uma profissão ou que o ganha pão do casal, uma cafeteria em Erbil no norte do Iraque, tenha explodido nos ares depois que um carro bomba estacionou em frente ao estabelecimento, foi ignorado pelo Ministério da Integração (esse nome quase me dá náuseas). Ainda assim Gulizar mantem as esperanças e tenta tranquilizar o marido dizendo que ele não precisa ter medo porque “estamos num país humano, onde os direitos humanos têm grande significado”. Torço por eles para que ela tenha razão.

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