sábado, 12 de setembro de 2009

Katrine

Perdi um dos meus embaixadores junto a Deus. Dias atrás faleceu repentinamente a tia avó do meu marido, Katrine Sofie ou a Gammel Faster, apelido em dinamarquês que significa "Tia velha". A morte foi repentina, mas surpreendeu pouca gente: ela tinha 98 anos de idade.

Cristã fervorosa, Katrine participava de grupos de oração onde, fiquei sabendo, eu era figura conhecida. No funeral dela, uma senhora se aproximou de mim e perguntou se eu era a Margareth. Adivinhar quem eu era não era muito difícil já que eu era a única morena no recinto. A tal senhora abriu um sorriso largo ao confirmar minha identidade e disse candidamente: ”Katrine rezou muito por você”. Ela disse aquilo para me alegrar, mas o efeito foi bem o contrário. Senti um frio na barriga e uma sensação de desconforto saindo da nuca e se espalhando pelas costas. ”Iiih! Que fria!”, pensei, de repente me sentindo completamente desprotegida.

Eu sabia que eu estava na boca dos grupos de oração da igreja da Katrine. Ele fazia questão de me contar quando ela e seus amigos da igreja haviam rezado por mim e não foram poucas as vezes em que isso aconteceu. Logo que cheguei à Dinamarca, pediram para que eu arranjasse um emprego, depois para que eu me saísse bem nos exames do mestrado que fiz aqui, no ano seguinte as rezas fossem para que eu, depois de repetidos abortos espontâneos, tivesse uma gravidez bem sucedida, depois para que o parto da Gabi corresse bem. Aí a coisa engrossou e as rezas devem ter ficado mais fervorosas. Soube que houve muito “Ave Maria, Pai Nosso” para garantir que meu tratamento contra o câncer de mama desse resultado. Os pedidos a meu favor prosseguiram com o tratamento do meu linfedema e, pelo que a tal senhora que adivinhou quem eu era insinuou, continuaram até pouco antes do falecimento de Katrine.

De vez em quando Katrine nos ligava aqui em casa para saber como estávamos mas hoje, pensando bem, acho que ela ligava mesmo era para conferir se a reza tinha dado resultado. Não posso dizer que não. Arranjei emprego, passei com boas notas no mestrado, tive, afinal, uma gravidez e parto muito bem sucedidos, o tratamento do câncer está dando resultados e o linfedema está sob controle. Depois de tudo isso, é ou não é para eu me preocupar?

Um comentário:

Márcia Marmori disse...

Oi irmãzinha,

fazia tempo que não lia seu blog. Antes eu entrava nele quase que diariamente mas, como vc sabe, ultimamente foram tantas emoções... agora baterei meu ponto todos os dias de novo!

Não se preocupe tanto com o falecimento de Katrine. Afinal aqui vc tem uma família que reza e torce por vc sempre!!!! Claro que toda ajuda é bem vinda. E podia ser que Katrine tivesse um "telefone" mais direto com Deus... rss...
Agora sem Katrine pode ter certeza que redobraremos nossas orações por você!!!

Bjcas