quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Direito de todo mundo

Devo admitir que estou ficando mais fã da Suécia. O país começou a me ganhar quando soube que lá eles tratam os refugiados iraquianos com muito mais respeito do que aqui na terra da rainha que é minha xará. E agora, depois de ter passado uma semana em Småland, uma região no sul do país, voltei meio encantada com algumas facetas da sociedade sueca.

Uma delas é o que lá chamam “Allemansrätten”, o que em português seria algo como direito de público acesso ou, numa tradução bem direta, o direito de todos os homens. A tradição e a constituição suecas ditam que todo mundo tem direito a andar, pedalar, correr, cavalgar, esquiar e até mesmo acampar em qualquer área natural, com exceção de jardins particulares, na proximidade de uma residência ou em terra sendo cultivada.

Isso quer dizer que qualquer pessoa pode pegar sua barraca e acampar no meio de uma floresta ou numa praia sem se preocupar se está invadindo uma propriedade particular. Ou levar sua canoa para uma lagoa e remar até cansar. Há algumas restrições quanto a reservas naturais, mas do contrário, toda a beleza natural do país, o que inclui montanhas, lagos, glaciais e florestas está à disposição de quem quiser admirá-la e curti-la. Um visitante pode até colher flores, cogumelos e amoras silvestres, se isso não incluir espécies protegidas. Claro que o direito implica em responsabilidades: o visitante deve proteger a natureza e evitar qualquer dano ao meio ambiente.

Por trás da norma está o princípio de que a natureza pertence e é para ser apreciada por todos. Para mim, um princípio que deveria se transformar em lei universal, embora eu saiba que a ideia causaria arrepios a proprietários de terras de países como o Brasil e a Dinamarca. Ainda assim não consigo deixar de pensar e lamentar os lagos e praias aos quais me foram negados acesso aqui na Dinamarca, as cercas intimidadoras das propriedades rurais no interior brasileiro ou as ilhas particulares de Angra dos Reis.

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