terça-feira, 2 de junho de 2009

Folga real

Permitam-me continuar escrevendo sobre meu rebentos plebeus de indignação com a monarquia dinamarquesa. Minha pequena irritação com as agendas, calendários e folhinhas de geladeira se renovou depois que li uma matéria no jornal Politiken sobre o novo livro da jornalista Trine Villemann, “O Rei e a Rainha da Groenlândia” (Kongen og dronningen af Grønland).

O livro lançado três semanas atrás pode não ser o livro de cabeceira da princesa Mary e seu marido, o príncipe herdeiro Frederik, mas deve certamente estar dando uma boa dor de cabeça ao casal. Na matéria, Trine conta que, de acordo com o calendário oficial de Frederik, em abril ele teve um duro mês de trabalho, com 24 dias de folga e 6 (seis!) dias de trabalho. Detalhe: num dos seis dias de trabalho do príncipe, ele se ocupou do aniversário da filha Isabella. Ôo vida dura, meu Deus.

No livro, a jornalista diz que, embora a lei orçamentária do governo dinamarquês tenha reservado “apenas” 93 milhões de coroas (cerca de R$ 35 milhões de coroas dinamarquesas, em 2 de junho/2009) à família real em 2009, os gastos totais com a realeza devem ser bem maiores e podem chegar a 250 milhões de coroas só este ano. Isso porque a verba explicitamente destinada aos de sangue azul não inclui, por exemplo, as despesas que o Ministério da Defesa dinamarquês tem com a família real. É o Ministério da Defesa que mantém o navio real “Dannebrog” navegando de abril a setembro com a família real a bordo.

A jornalista, que apesar do livro se proclama monarquista, quer que as contas da realeza sejam abertas para que o povo dinamarquês saiba como os de sangue azul estão usando o dinheiro que recebem dos pagadores de impostos. Ninguém, nem mesmo o órgão daqui que fiscaliza as contas do governo, tem acesso às contas da família real que, aliás, também não paga um centavo de imposto sobre os milhões que recebe dos desprovidos de sangue azul. Outro detalhe importante: o desconto de imposto na fonte é de cerca de 40% para todos os dinamarqueses, embora os que recebem salários mais altos paguem bem mais do que isso.

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