quinta-feira, 6 de maio de 2010

Mesmice

Para variar, ando ocupadíssima no trabalho e em casa. Mas a razão principal do meu recente afastamento do blog foi que de um dia para o outro comecei a achar que me faltava assunto. Pensei em escrever sobre a primavera, a maravilhosa profusão de cores dos jardins de Copenhague, mas me lembrei que já escrevi sobre isso. Poderia registrar que as árvores estão novamente se cobrindo de verde, que a ameixeira do vizinho logo estará belíssima coberta por seu véu de flores brancas ou que os narcisos exageram no amarelo desavergonhadamente alegre. Mas tudo me pareceu repetitivo e banal.

Comecei a achar que pouca coisa fazia sentido nessa alegria que sinto toda vez que a temperatura começa a aumentar e os dias se tornam longos e as noites claras. Tudo se repete, entra ano sai ano, tudo é igual.

Minhas divagações quase existencialistas continuaram um pouco mais e até começaram a fazer meu ânimo murchar. Aí dei um chega para lá em tanta elucubração. Melhor seguir, ir em frente, mesmo não sabendo bem para onde.

Aí a primavera esvaneceu, o frio voltou. Estes primeiros dias de maio têm sido os mais frios do mês em anos. Na manhã da última segunda-feira a temperatura chegou a -1,6 graus centígrados. Fazia cinco anos que não havia uma manhã de maio tão fria quanto essa. Os meteorologistas não prometem temperaturas muito mais altas nos próximos dias, o que me faz quase lamentar meus questionamentos sobre a banalidade da minha alegria primaveril. Me senti punida pelo frio, acompanhado de um vento irritante, que me obrigou a voltar a calçar botas de cano alto e empacotar minha filha em luvas, touca, e casacão de inverno.

Um comentário:

Maria Lucia Zulzke disse...

Mesmice ...

"tudo tinha um quê tão definido de eternidade, tudo durava tanto e a vida não faltava: a vida era pontual como os quintais e as goiabeiras ali. eu não tinha a mínima noção desse vai-e-vem, desse rodizio de humanidade:quem é escalado, quem sai do jogo, quem vai pra reserva.nada disso havia na minha menina..." deus ri - poesia de elisa lucinda, carioca.

Que maravilhosa mesmice, hem ! bjs do Brasil. Maria Lucia