quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Calores

Acho que é errado escrever calor no plural, mas vou me dar essa licença. É que no auge da agonia térmica em que essa quimioterapia me jogou, essa licença de número é perfeita para descrever o que venho sentindo: calores.

Esses calores foram uma das novidades desagradáveis trazidas pela quarta sessão de quimioterapia, quando a medicação mudou para um produto cujo princípio ativo é o docetaxel. Eles vêm o dia todo, mas principalmente no final da tarde e começo da noite. São eles os principais responsáveis pelas noites mal dormidas dos últimos dois meses.

Sempre me atacam pelas batatas das pernas. Aí vão subindo devagar pelas coxas, nádegas e chegam ao auge quando atingem a nuca e alcançam minha cabeça careca. Nossa jisus! Se o demo tem hálito, deve ser tão quente e desagradável quanto esses calores.

Os calores não me deixam ter horas seguidas de sono. Durante a noite, me acordam a cada duas horas. Aí sou obrigada a me levantar, beber água, andar um pouco pela casa, abrir uma janela e colocar minha careca para fora para pegar o ar fresco da noite. Depois volto para cama e espero o sono voltar.

Os calores podem ser um sinal de que a quimioterapia antecipou minha menopausa ou apenas um dos trocentos efeitos colaterais do tratamento. Só o tempo dirá.

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