segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Pai nosso

Eu não deveria mais ficar chocada com alguns dos absurdos que ouço aqui na Dinamarca, mas algumas vezes é inevitável.

Alguns dias atrás a imprensa daqui se ocupou sobre se ocupou com uma discussão sobre se os alunos de primeiro grau devem ou não, antes de entrar em sala de aula, serem reunidos para rezar o Pai Nosso.

Uhuuuu! Estamos ou não num pais que se diz democrático e moderno em pleno século XXI? Isso não implica que as escolas são para todos, independentemente da religião ou falta de religião dos alunos? Não cabe aos pais decidir sobre a orientação religiosa dos filhos e mais tarde às próprias crianças de que igreja elas vão fazer parte?

Aqui na Dinamarca parece que não é bem assim. Tanto que o ministro da educação teve o desplante de sair defendendo o direito de escolas públicas determinarem que os alunos rezem juntos o pai nosso antes do início das aulas. Na opinião do ministro, pertencente a uma das correntes mais conservadoras da igreja luterana dinamarquesa, os pais que não concordarem com a reza podem pedir a direção das escolas que seus filhos sejam dispensados da obrigação religiosa.

O ministro, o mesmo que anos atrás esteve à frente do endurecimento da legislação que trata dos migrantes na Dinamarca, prefere ignorar que as crianças de famílias ateias ou de outras religiões, que são minoria, vão naturalmente se sentir estigmatizadas.

Dias depois da declaração infeliz, o ministro voltou atrás e disse que foi mal entendido, que na verdade apenas quis dizer que as escolas devem ter o direito de decidir se seus alunos devem ou não rezar o pai nosso.

O dito ficou pior ou tão ruim quanto o desdito. No final das contas, as 15 escolas públicas dinamarquesas onde ainda se reza o pai nosso vão continuar tendo direito a fazê-lo.

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