terça-feira, 13 de outubro de 2009

Resistência

Preciso voltar à Dona Katrine. Um artigo no jornal Politiken alguns dias atrás me fez ficar pensando no que ela diria sobre um grupo de dinamarqueses que está se auto-intitulando "O novo movimento de resistência". Isso porque um dos maiores feitos da longa vida da Dona Katrine foi participar do movimento de resistência contra a ocupação nazista da Dinamarca na Segunda Guerra Mundial.

Eu não sei muito sobre da atuação de Dona Katrine no movimento de resistência, a não ser que durante dois anos ela viveu com duas identidades para cobrir suas atividades clandestinas. Mas enquanto Katrine arriscou a vida para resistir à invasão alemã, os membros da auto-intitulada resistência de hoje arriscam ir para a cadeia porque estão ajudando iraquianos que tiveram seus pedidos de exílio recusados e estão em situação ilegal na Dinamarca.

No grupo há pessoas de diversas profissões, incluindo enfermeiras e parteiras que assistem os exilados que evitam procurar o sistema de saúde dinamarquês com medo de serem presos e enviados de volta para o Iraque. Ninguém sabe exatamente quantas pessoas fazem parte dessa nova “resistência” porque embora algumas pessoas falem publicamente do trabalho que fazem pelos iraquianos, outros preferem manter silêncio sobre suas atividades.

O grupo se formou a partir da organização criada para apoiar os iraquianos que se refugiaram na Igreja Brorsons e chegou a ter uma conta bancária publicamente anunciada para quem quisesse doar dinheiro ao grupo. Mas desde que se expôs através da imprensa, o grupo foi enfrentando oposição e dificuldades cada vez maiores. A conta bancária foi fechada pela direção do banco, políticos dos partidos que formam o atual governo criticaram duramente a iniciativa e a polícia começou a apurar o caso. Na semana passada o grupo anunciou que vai parar de angariar fundos publicamente para evitar problemas com a polícia. Mas é sabido que o movimento clandestino de apoio aos exilados iraquianos continua.

Nenhum comentário: