domingo, 15 de novembro de 2009

Fruta exótica

O jornal que mais leio aqui na Dinamarca, o Politiken, tem um caderno semanal chamado comida (“Mad”) onde há sempre um artigo dedicado a uma fruta exótica. Na mesma seção do jornal já aparecerem espécies estranhíssimas aos paladar e olhos dinamarqueses como a jaca e o tamarindo. A fruta desta semana era, adivinhem só queridos leitores brasileiros, a nossa muitíssimo exótica goiaba. O artigo ensina os dinamarqueses a escolher uma boa goiaba, que não deve ser comida quando ainda está muito verde nem quando está madura demais.

A matéria ensina também que se deve descascar uma goiaba antes de se comê-la. Não contive o riso ao ler o artigo. Me lembrei dos melhores dias da minha infância, passados trepada numa das dezenas de goiabeiras da chácara da minha avó. Lá meus primos, minha irmã e eu nunca pensaríamos em descascar uma goiaba. Nossa preocupação não era a casca da goiaba, mas sim os bichinhos que de vez em quando encontrávamos na polpa da fruta. Essa era aliás uma das razões pelas quais preferíamos as goiabas com polpa vermelha. Além de acharmos que eram mais gostosas, nelas era menos frequente encontrar os tais bichinhos.

O bom de trepar nas goiabeiras era que as árvores, embora nunca se tornassem muito grandes, tinham galhos que eram suficientemente fortes para aguentar nossas macaquices. Quando trepávamos numa mangueira, tínhamos de tomar cuidado para escolher os galhos mais antigos e fortes, mas isso não era um problema com as goiabeiras. Outra vantagem das goiabeiras era que nelas nunca encontrávamos uma lagartas horrorosas e enormes que de vez em quando achávamos nos abacateiros. Isso fazia das goiabeiras os alvos favoritos das nossas escaladas arbóreas. Era só trepar, achar uma goiaba madurinha e comê-la com o cuidado de conferir entre uma dentada e outra se não estávamos invadindo a moradia de uma larva da mosca-das-fruta.

Voltando à matéria sobre a goiaba, tive que vir morar na Dinamarca, aprender dinamarquês para aprender que a goiaba tem um tal de eugenol que lhe da o saber tão característico. A jornalista lista vários usos da goiaba, mas nem menciona a nossa querida goiabada. Me deu vontade de lhe escrever reclamando da gravíssima omissão, mas fiquei só na vontade.

5 comentários:

Anônimo disse...

Cara Margareth,

Por favor, não se omita e defenda nossa tão amada goiabada, principalmente a "Cascão", realmente é uma delícia!
Lendo seu blog me reportei para minha infância, onde tb tive contato estreito com nossas arvores frutíferas.

Muito bom este seu post.

Parabéns,

Carlos Capistrano

Anônimo disse...

Cara Margareth,

Depois que fiz meu comentário é que vi que havia um link no meio do seu ótimo texto. Mas o melhor é que abri, e pude ver, realmente apenas ver, como a foto da goiaba está bonita, pois ler o artigo que é bom.... nem pensar, pelo menos por enquanto ainda não dá.... quem sabe daqui à um tempo, um boooommm tempo...rsrsrsrs

Carlos Capistrano

Margareth Marmori disse...

Obrigada, Carlos. Que bom saber que o post também lhe trouxe boas lembranças.

Margareth Marmori disse...

Quanto ao dinamarquês, tenho certeza que se você insistir, vai logo logo estar lendo o tal artigo. Aliás, ler em dinamarquês não é tão difícil. O bicho pega é na pronúncia.

Márcia Marmori disse...

Oi queridinha,
como a "goiaba" fez sucesso no seu blog! Rs...
Já estou louca pra vocês chegarem logo e prometo deixar a sua espera algumas goiabas suculentas e uma bela e deliciosa goiabada cascão!
Beijocas