quarta-feira, 15 de novembro de 2006

Nove anos

Já faz nove anos que vivo na Dinamarca e toda vez que o inverno começa por essas bandas me faço a mesma pergunta: “O que é que eu tô fazendo aqui?”. A resposta é, claro, sempre a mesma, inspirada naquela canção sertaneja: “É o amoooor”.

Só mesmo amor para explicar minha resistência impressionante aos seis meses de dias escuros, gelados e úmidos e aos rostos carrancudos das pessoas que esbarram umas nas outras nas ruas de Copenhague.

O frio aqui começa para valer en outubro e só termina em março, o que não significa que setembro e outubro sejam meses de clima suportável. No primeiro em que vivi aqui nevou em abril! Fiquei chocada e, como uma consumidora lesada reclamando junto ao Procon, liguei ao meu marido indignada, para dizer que aquilo não se fazia, não era justo.

Eu nunca poderia imaginar que aquela neve de abril era apenas uma das mais inofensivas surpresas desagradáveis que eu teria na Dinamarca.

Um comentário:

Ilaine disse...

"...e aos rostos carrancudos das pessoas que esbarram umas nas outras nas ruas de Copenhague."

Cheguei em Copenhague em pleno inverno, na metade do mês de janeiro. Ao sair pelas ruas impressionei-me com a amabilidade das pessoas. Havia sorrisos em toda parte. Observei o povo charmoso e, de cara, me encantei. Imediatamente desfiz as muralhas que por ventura existiam e fui ao encontro de Copenhagen, familiarizando-me com seu jeito de ser, com seus modos e com sua graça de cidade portuária. Trilhei por muitos caminhos - em todas as épocas do ano - e descobri que aqui nada é monótono, tudo se forma e se transforma de modo harmonioso. Em Copenhague as pessoas são extremamente naturais. Autenticidade é um jeito de ser: é uma postura, é comportamento. A capital desse pequeno reinado parece que é sempre nova e constantemente alegre. Naturalmente tem seus problemas, como toda cidade grande em qualquer parte do mundo.