segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Paradoxo

Muito interessante um artigo escrito pelos estudantes da Universidade de Yale Yasmin Zaher and Saned Raouf para o Huffington Post sobre a situacão dos refugiados iraquianos na Dinamarca e a remocão dos refugiados da Igreja Brorsons:
The Modern Making of Refugee Politics
Falam, entre outras coisas, do paradoxo de um país que está no topo do ranking de países com o mais alto grau de felicidade ser o mesmo que impõe repetidos traumas psicológicos aos refugiados iraquianos que lutam por uma chance de ter uma vida decente.

3 comentários:

Anônimo disse...

Cara Margareth,

Não me leve a mal, mas como cogito ir morar aí na Dinamarca, me questiono pq vc fala tão mal do país onde reside?
Sei que lugar perfeito não existe, mas já estive aí por uma semana (é verdade que é muito pouco para conclusões definitivas), mas tive a melhor das impressões.
Se compararmos com nosso amado Brasil, a Dinamarca está anos-luz à frente.
Nosso clima é melhor assim como o calor humano, mas no quesito qualidade de vida e respeito pelo cidadão (não só pelo estado, mas tb pelos outros moradores).
Mais uma vez me desculpo se tiver sendo impertinente, não é minha intenção, mas apenas ter mais subsídios para uma decisão consciente.

Obrigado, Carlos

Margareth Marmori disse...

Oi Carlos,

obrigada pelo seu comentário. De jeito nenhum acho que você esteja sendo impertinente.
Concordo plenamente, lugar perfeito não existe e é verdade que há coisas maravilhosas sobre a Dinamarca. Posso citar várias aqui do meu pontinho de vista. Para começar, as creches e jardins de infância subsidiados pelo estado que me dão tranquilidade suficiente para ir trabalhar sem (quase) me preocupar com a segurança e bem estar da minha filha. Não sei há quanto tempo você tem lido meu blog, mas se você acompanhou um pouco do que escrevi sobre o meu tratamento contra o câncer de mama, deve ter lido sobre o quanto sou grata pelo atendimento rápido que recebi aqui. Posso também citar o sistema de transporte coletivo ou a opção fantástica que tenho, e uso, de poder ir de bicicleta para o trabalho. As ciclovias aqui são de cair o queixo. O sistema criado para proteger os idosos também é invejável. A pontualidade é britânica. E por aí vai.

Mas talvez exatamente porque admiro tanto as conquistas da sociedade dinamarquesa, é que fico mais indignada por algumas das coisas que acontecem aqui. A sociedade dinamarquesa se tornou, sem sombra de dúvida, menos tolerante, menos solidária e mais preconceituosa nos últimos anos e isso é lamentável.

Antes da crise atual, a economia da Dinamarca viveu uma fase áurea e, curiosamente, foi nesse período que o país reduziu sua ajuda aos países mais pobres, fechou as portas a refugiados e viu crescer um partido de extrema direita que diz, entre outras barbaridades, que “esses estrangeiros se reproduzem como coelhos”e tem uma religião que é uma “peste”.

Se você vier mesmo morar na Dinamarca, talvez, dependendo da cor da sua pele, você nunca vai enfrentar alguns dos problemas que outros imigrantes enfrentam aqui. Os brasileiros são até bem vistos por conta da nossa notória simpatia, musicalidade e talento futebolístico. Mas, independentemente da cor da sua pele e se você pretende aprender dinamarquês, prepare-se para o baixo nível do debate sobre a questão dos imigrantes, que é cheio de preconceitos, ignorância e, na minha opinião, burrice.

Um abraço,

Margareth

Anônimo disse...

Cara Margareth,

Muito obrigado pela sua resposta.
Realmente uma das coisas mais desprezíveis e maléficas do mundo atual é o preconceito de raça, cor, credo ou qualquer outra coisa. Mas como minha avó custumava me chamar de "branco azedo", acho que por esta descriminação não devo passar...rsrsrsrs

Qto ao tempo, acompanho seu blog há aproximadamente um mês, mas o li desde o começo, pois toda a informação sobre a Dinamarca é fundamental para minha tomada de decisão. Li sobre o seu câncer de mama e fiquei MUITO bem impressionado como vc foi atendida. Naturalmente não poderia deixar de dizer que tb fiquei feliz com o resultado do seu tratamento e lhe explico. Sou médico e sempre me tento fazer o exercício de me colocar no lugar do meu paciente para entender melhor o seu sofrimento. Também posso lhe dizer, com uma enorme tristeza, que aqui no Brasil vc não teria um décimo do atendimento que teve aí. Trabalho no serviço público, num hospital dito de ponta, mas que parece ser mais a ponta de baixo... A falta de vontade política do nosso governo de investir em saúde (e naturalmente educação) é lastimável. Trabalho no Hospital Universitário da UFRJ desde 2002 e apenas vejo as coisas piorando!

Mas espero que não apenas a Dinamarca, mas todos os países, sejam mas tolerantes às nossas diferenças e quem sabe a eleição de um presidente multicultural no país mais poderoso do mundo possa ser o primeiro passo neste sentido.

Mais uma vez muito obrigado e continuo no aguardo de novos posts.

Abraços,

Carlos